Bonecos de Estremoz declarados Património da Humanidade - TVI

Bonecos de Estremoz declarados Património da Humanidade

  • 7 dez 2017, 07:28

Arte popular com mais de três séculos foi distinguida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial. Autarquia e Turismo de Portugal congratulam-se com "vitória" para o Alentejo e para Portugal

Os "Bonecos de Estremoz" foram classificados Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, numa decisão anunciada já na madrugada desta quinta-feira. Estes bonecos, em barro, são uma arte popular com mais de três séculos.

A classificação da "Produção de Figurado em Barro de Estremoz", vulgarmente conhecida como "Bonecos de Estremoz", foi decidida na 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorre na Ilha Jeju, na Coreia do Sul, até sábado.

Uma decisão foi celebrada pela comitiva portuguesa que durante os festejos exibiu exemplares de "Bonecos de Estremoz".

Presente na sessão, o embaixador de Portugal na Coreia do Sul, Manuel Gonçalves de Jesus, mostrou-se "bastante satisfeito" com o reconhecimento da UNESCO e saudou os responsáveis da candidatura portuguesa, principalmente os artesãos que produzem os bonecos.

Foi uma vitória e desta vez nem foi no futebol, foi numa área muito importante que é preservar aquilo que é muito nosso".

O presidente do município de Estremoz, Luís Mourinha, manifestou-se entretanto "muito feliz" com a distinção.

No fundo é um momento grande da história de Estremoz em termos da sua classificação, das suas gentes, porque o figurado de barro representa tudo o que é o trabalho, tudo o que é a dificuldade dos alentejanos e dos estremocenses em particular"

O autarca à agência Lusa que a UNESCO valorizou os "Bonecos de Estremoz" pela "visão do artista, do artesão sobre a sua envolvência".

Na área de Património Cultural e Imaterial da Humanidade estavam inicialmente a concorrer 49 candidaturas, das quais 35 foram aprovadas, tendo no final recolhido parecer negativo 11.

Cinco minutos de análise bastaram

O presidente da Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, considerou uma "vitória para Portugal" a classificação pela UNESCO. "Muito orgulhoso, muito satisfeito. Eu diria que é uma grande vitória, uma grande vitória para Estremoz, para o Alentejo, mas uma grande vitória para Portugal".

Destacou ainda a forma como aquele organismo tem reconhecido nos últimos anos as candidaturas portuguesas.

Houve dossiês aqui que demoraram horas a ser discutidos, o dossiê de Estremoz demorou cinco minutos, e isso diz bem o reconhecimento da UNESCO do trabalho que se faz em Portugal nesta área da preservação do património cultural imaterial".

Esta é uma área "estratégica" para a região, uma vez que o turista que visita o Alentejo procura o "genuíno e autêntico". "Nós temos lutado muito pela questão da identidade, para nós é central, é estratégica. Digo muita vez e repito: o turista quando vai ao Alentejo vai para encontrar aquilo que é mais identitário, que é mais autêntico, que é mais genuíno, e termos obtido cinco selos consecutivos é único no mundo".

Nesse sentido, a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo está a trabalhar num projeto denominado por "Rotas do património cultural imaterial", projeto que deverá estar concluído no final de 2018.

O primeiro figurado do mundo a merecer a distinção

Os "Bonecos de Estremoz" pertencem a uma arte de caráter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.

A candidatura teve como responsável técnico o diretor do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro.

Com mais de uma centena de figuras diferentes inventariadas, a arte, a que se dedicam vários artesãos do concelho, consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e efetuada manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII.

Em Estremoz, trabalham atualmente nesta arte emblemática Afonso e Matilde Ginja, Célia Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, Miguel Gomes e Ricardo Fonseca.

 

 

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