Eduardo Lourenço sobre o Brexit: "A Europa é que vai ter problemas" - TVI

Eduardo Lourenço sobre o Brexit: "A Europa é que vai ter problemas"

Eduardo Lourenço

O filósofo e ensaísta afirmou que a Europa fica "mais fraca no plano mundial", mas que a decisão não o surpreendeu porque "a Inglaterra nunca teve uma paixão extraordinária por uma coisa chamada Europa porque a Europa nunca existiu como nação"

O ensaísta Eduardo Lourenço afirmou esta sexta-feira, na Guarda, que a Europa "vai ter problemas" com a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

"A Europa é que vai ter problemas com esta saída, porque fica mais fraca, evidentemente, no plano mundial", disse Eduardo Lourenço à agência Lusa quando questionado sobre o futuro da Europa, no seguimento do "Brexit".

O filósofo e ensaísta falava na Guarda à margem da cerimónia da entrega do Prémio Eduardo Lourenço 2016 pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede naquela cidade, ao escritor chileno Luís Sepúlveda.

O galardão distingue personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica.

"Esperemos que as pessoas que estão à frente da Europa [União Europeia] encontrem uma solução, e que seja uma resposta digna desta separação à 'amiable' [amigável] como dizem os franceses, da Europa e da velha Inglaterra que é a mãe da democracia Europeia. Isso é o problema", disse também Eduardo Lourenço à Lusa sobre a saída do Reino Unido da UE, por decisão dos britânicos no referendo do dia 23 de junho.

O ensaísta considerou ainda que a decisão não o surpreendeu porque "a Inglaterra nunca teve uma paixão extraordinária por uma coisa chamada Europa porque a Europa nunca existiu como nação".

"Esperemos que a solução inglesa seja uma solução de futuro, e que a Europa não venha a sofrer com esta separação", disse.

Para Eduardo Lourenço, "a Inglaterra não pode ser pensada à parte do que é a Europa" e "a Europa sem a Inglaterra não é a Europa, já é outra coisa".

"Mas a escolha foi dos ingleses que se quiseram, de facto, afirmar, não se sabe para que fim. Agora estamos à espera [de saber] o que é que os ingleses vão decidir sobre o seu próprio destino, mas a Inglaterra será sempre a Inglaterra", concluiu.

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