Universitários da Nova queixam-se de ameaças da extrema-direita - TVI

Universitários da Nova queixam-se de ameaças da extrema-direita

  • PD
  • 8 mar 2017, 23:48
Escola

Associação de Estudantes diz ter sido ameaçada por 40 elementos de extrema-direita "que se identificaram como tal". Garante que nada «fez para impedir conferência com Jaime Nogueira Pinto na faculdade

A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa denunciou, em comunicado, ter havido ameaças aos seus elementos por cerca de 40 pessoas ligadas à extrema-direita.

Na terça-feira, a direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH) da Universidade Nova de Lisboa foi invadida por quatro dezenas de indivíduos afetos à extrema-direita, que se identificaram como tal”, refere-se.

Segundo a associação, numa atitude “claramente intimidatória”, as pessoas exigiram conhecer individualmente alguns membros da AEFCSH.

A par desta iniciativa, as fotos de alguns dirigentes associativos foram publicadas em redes sociais da extrema-direita, sendo que as 40 pessoas prometeram voltar em maior número às instalações da AEFCSH”, sublinha o comunicado.

Conferência adiada

Na base do clima de tensão está a adiada conferência com a participação do politólogo Jaime Nogueira Pinto, marcada para a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. 

Os estudantes daquela faculdade decidiram na segunda-feira em Reunião Geral de Alunos não ceder o auditório à organização Nova Portugalidade para a realização de uma conferência do politólogo Jaime Nogueira Pinto sobre “Populismo ou Democracia? O Brexit, Tump e Le Pen em debate”.

A Reunião Geral alegou que o evento estava “associado a argumentos colonialistas, racistas, xenófobos”.

No seu comunicado, a AEFCSH salienta que “nunca procurou impedir a existência de debate político, nem a presença do professor Jaime Nogueira Pinto na faculdade”.

A direção da AEFCSH limitou-se a dar seguimento a uma decisão da Reunião Geral de Alunos que a mandatou para não ceder o auditório pedido pela organização Nova Portugalidade. Esta organização tem um perfil salazarista e a direção da AEFCSH revê-se na preocupação estudantil à qual ficou vinculada na Reunião Geral de Alunos”, refere.

No comunicado, a associação explica também que só teve conhecimento da decisão de anular a realização da conferência pela comunicação social.

A AEFCSH termina a afirmar que “não se deixará intimidar pela presença e ameaças de nenhum grupo de extrema-direita” e que “não tem medo do debate livre, que nunca impediu e que continuará a promover na faculdade, assim como os valores democráticos pelos quais se rege”.

Manifestação e dúvidas

A não realização da conferência já levou o próprio Presidente da República a pedir esclarecimentos, por considerar "incompreensível" a situação, receando poder estar em causa a liberdade de expressão. A resposta da parte do reitor da Universidade Nova de Lisboa foi célere e publicada na página da Presidência na internet.

O Reitor da Universidade Nova de Lisboa informou o Presidente da República acerca da posição tomada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, garantindo que jamais será tolerável pôr em causa a liberdade de expressão e de pensamento", refere a página da Presidência da República.

Em reação à não realização da conferência, que a direção da faculdade diz ter sido apenas um adiamento, o Partido Nacional Renovador (PNR) convocou para o dia 21 um protesto à instituição de ensino

Contra o totalitarismo do pensamento único e pela liberdade de expressão para todos” é o mote que leva o partido de extrema-direita a decidir manifestar-se.

Continue a ler esta notícia