Dezenas de estudantes pedem fim das propinas em frente da Assembleia da República - TVI

Dezenas de estudantes pedem fim das propinas em frente da Assembleia da República

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  • 18 nov 2020, 18:50

De máscaras na cara, cartazes na mão e afastados entre si, os estudantes da Universidade de Lisboa fizeram-se ouvir numa altura em que no Parlamento ainda se discute a proposta do Orçamento do Estado para 2021

Cerca de uma centena de estudantes concentraram-se esta quarta-feira em frente da Assembleia da República e gritaram pelo fim das propinas, melhores condições no ensino superior e um Orçamento do Estado que responda às dificuldades.

Durante mais de uma hora, a frente do parlamento encheu-se de estudantes universitários que, de máscaras na cara, cartazes na mão e afastados entre si, se quiseram fazer ouvir numa altura em que do lado de dentro ainda se discute a proposta do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).

Estou aqui porque precisamos de mais orçamento para o ensino superior e porque as condições que nós temos não são aquelas que devíamos ter”, explicou à Lusa Sofia Silva, uma entre pouco mais de 100 manifestantes.

Para a estudante do ISCTE-IUL, o ensino tem de ser democrático e inclusivo, mas esse princípio não está a ser cumprido pela insuficiência dos apoios sociais e, sobretudo, pelo muro das propinas que tem de cair.

Esta foi, aliás, a principal reivindicação dos universitários e, entre pingos de chuva, o ar encheu-se também de palavras de ordem como “A Educação é um direito, sem ela nada feito” e “Propinas e Bolonha, é tudo uma vergonha”.

Fala-se tanto da Educação enquanto um direito fundamental e, na verdade, para uma pessoa estudar precisa de pagar. Não é justo”, lamentou Hugo Marques.

O caloiro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) entrou este ano no ensino superior, mas já sente as dificuldades que outros colegas sublinham ser antigos.

Na FLUL temos problemas relacionados com recursos materiais e humanos, temos problemas ao nível da infraestrutura, temos problemas ao nível dos serviços académicos que não têm funcionários suficientes para responder às necessidades dos estudantes”, descreveu, afirmando acreditar que estes problemas tenham sido agravados pela pandemia da covid-19.

Além destes, os estudantes denunciaram também a falta de espaço para estudar nas instituições, com o encerramento de salas no âmbito das medidas de contenção da covid-19, e o reduzido número de camas nas residências universitárias que, este ano, caiu ainda mais.  

José Pinho, membro da direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH) da Universidade Nova de Lisboa, uma das que organizou o protesto, acusou o executivo de ignorar as dificuldades do setor e fingir, no OE2021, que tudo continua bem.

É inaceitável que este orçamento não responda às necessidades dos estudantes”, afirmou enquanto se dirigia aos colegas, acrescentando que o que está em causa é o futuro da educação, a mesma que já antes andava “com a corda ao pescoço.”  

O argumento é replicado por João Carvalho, também membro da AEFCSH, que foi preciso nas críticas que lançou à proposta do Governo.

[O OE2021] não continua o caminho que foi traçado com a redução das propinas nos anos letivos anteriores, continua a não colocar um teto máximo nas propinas de mestrado e de doutoramento, escolhe não investir no ensino superior, que é um setor fundamental, e em vez disso desviar o dinheiro para outras prioridades”, apontou.

Na sua lista das prioridades mais urgentes, o jovem coloca o fim das propinas, a criação de mais camas nas residências e o investimento nas condições materiais e estruturais das instituições.

A concentração desta quarta-feira foi convocada pela AEFCSH depois de um outro protesto em frente à faculdade há duas semanas, e apoiada pelas Associação de Estudantes da Faculdade de Letras (AEFLUL), Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL) e Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL).

Enquanto estudantes, unimo-nos para afirmar que não seremos complacentes face à aprovação de mais um Orçamento do Estado que não apresente soluções de fundo para problemas estruturais e pouco ou nada faz face às questões prementes colocadas pela pandemia”, lê-se no manifesto subscrito pelas quatro associações.

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