Falta de material básico dificulta trabalho nas Unidades de Saúde Familiar - TVI

Falta de material básico dificulta trabalho nas Unidades de Saúde Familiar

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Segundo um estudo divulgado, 91% das USF referem ter tido falta, no último ano, de material considerado básico para a sua atividade normal, como luvas, batas ou vacinas

A maioria dos coordenadores das Unidades de Saúde Familiar (USF) identifica a falta de material para tratar utentes como o principal problema para o seu bom funcionamento, conclui um estudo sobre cuidados de saúde primários em Portugal.

O estudo "O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2015/2016", a que a agência Lusa teve acesso, revela que "91% das USF referem ter tido falta, no último ano, de material considerado básico" para a sua atividade normal, como luvas, batas ou vacinas.

Segundo os resultados divulgados, dessas unidades, 32% referem ter "faltado material entre três e dez vezes" e 36,3% "mais de dez vezes".

Os dados para o estudo, desenvolvido pelos médicos André Rosa Biscaia e António Pereira e pela psicóloga Ana Rita Antunes, foram obtidos através de um questionário realizado aos coordenadores das USF em funções.

A finalidade foi "tomar o pulso à reforma e estabelecer um guião de forma a saber o que é necessário para que as condições das USF continuem a melhorar", indicou André Rosa Pereira.

Cerca de 62,9% dos 450 coordenadores participaram no inquérito, efetuado em abril de 2016, o que, segundo o médico, demonstra o "empenho das USF na monitorização, avaliação e melhoria da reforma".

A falta de equipamento informático, a falha nos sistemas de informação e a falta de recursos humanos para o atendimento telefónico foram outros dos problemas mais referidos pelos coordenadores.

De acordo com André Rosa Biscaia, a maior parte dos utentes recorre ao atendimento telefónico para contactar as unidades de saúde, mas este método "é uma fonte de problemas e de conflito diário nas USF", situação que "piorou com as alterações nos contratos".

"Passados dez anos da reforma, só metade da população é que está coberta" por uma destas unidades, referiu o médico, para quem este é o principal fator negativo, podendo, no entanto, ser colmatado com a abertura das 44 unidades que efetuaram a candidatura para tal.

Apesar da insatisfação quanto a estes fatores, verifica-se "uma melhoria no acesso da população aos cuidados, uma maior satisfação dos profissionais e dos utentes quanto aos serviços, bem como uma maior eficiência", acrescentou.

Naquela que é a sétima edição deste estudo, 92% dos coordenadores indicaram que uma maior autonomia dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) podia trazer melhorias e resolver os problemas com maior celeridade e eficiência.

"O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2015/2016" vai ser apresentado hoje, na Universidade de Aveiro, durante o 8.º Encontro Nacional das USF - Unidades de Saúde Familiar, subordinado ao tema "Cuidados de Saúde Primários: a aposta do novo ciclo político?".

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