São cada vez menos aqueles que na União Europeia mantêm a administração da vacina contra a covid-19 da Astrazeneca, depois de, nos últimos dias, vários países, incluindo Portugal, terem suspendido a sua toma.
Em causa estão "episódios raros" de trombose e embolia pulmonar, segundo a Agência Europeia do Medicamento, que, nesta terça-feira, em videoconferência, insistiu que os benefícios da vacina da Astrazeneca "superam os riscos". Mas a posição final do regulador será conhecida apenas na quinta-feira.
A 10 de marco, um dia antes de Dinamarca, Noruega e Islândia suspenderem a toma da vacina da AstraZeneca, foram anunciados 30 casos de trombose entre cinco milhões de pessoas vacinadas, com origem, ao que tudo indica, num lote específico, que não chegou a Portugal.
A própria AstraZeneca confirmou a notificação de 15 episódios de trombose e 22 de embolia pulmonar, sublinhando não haver relação causa-efeito com a toma da sua vacina e garantindo ainda que se trata de um número muito baixo de eventuais reações adversas quando comparado com a população em geral.
No meio do escrutínio público da vacina britânica está o próprio Reino Unido, que não identificou qualquer problema após administrar mais de dez milhões de doses da vacina, sendo o país da Europa que mais administrou esta vacina.
Até agora, os países europeus que suspenderam a administração da vacina da AstraZeneca são:
- Dinamarca, Noruega e Islândia (desde 11 de março)
- Bulgária (12 de março)
- Irlanda e Países Baixos (14 de março)
- França, Itália, Alemanha, Eslovénia, Espanha e Portugal (15 de março)
- Suécia, Letónia, Chipre e Luxemburgo (16 de março)
No sentido inverso, pelo menos quatro países europeus assumiram que manteriam a toma desta vacina:
- Reino Unido
- Grécia
- Bélgica (que já avisou a população que aqueles que adiaram a toma da vacina de modo a serem inoculados com outra vacina vão continuar a receber a da AstraZeneca)
- Malta (que recebeu e administrou as vacinas do lote em causa e não reportou qualquer reação adversa)
Outros países decidiram apenas a suspensão do lote de vacinas em causa:
- Áustria
- Roménia
- Estónia
- Lituânia
Sem qualquer hesitação, o Reino Unido, que já administrou mais de 24 milhões de doses de vacinas de diferentes laboratórios, vai continuar o processo de vacinação com a AstraZeneca, indicou o regulador britânico do medicamento. De acordo com a MHRA (sigla original), foram administradas mais de 11 milhões de doses da vacina da AstraZeneca e o número de coágulos reportado "não foi superior ao número que ocorreria naturalmente na população vacinada".
Também Canadá, Índia, Austrália, Filipinas, Tailândia (que voltou atrás um dia depois de ter suspendido a vacina) e República do Congo (que recebeu a vacina através do programa COVAX) vão manter a toma da vacina da AstraZeneca.
A Indonésia adiou o início previsto para segunda-feira até haver uma posição final da OMS, enquanto a Venezuela também anunciou já a suspensão da vacina.
Recorde-se, também, que esta vacina ainda não entrou no mercado norte-americano.
Quem administrou mais doses
De acordo com dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), a Alemanha foi o país que até agora administrou mais vacinas da Astrazeneca – 1.352.505 doses, tendo reportado sete casos de trombose, segundo as autoridades de saúde alemãs.
Segue-se Itália, com 1.073.163 doses, França com 919.115 e Espanha com 772.010, sendo que em qualquer um destes países foram administradas quatro a seis vezes mais vacinas da Pfizer, tal como em Portugal, onde foram tomadas 173.677 doses da vacina da AstraZeneca.
A Dinamarca, por exemplo, o primeiro país a suspender a vacina, administrou apenas 150.267 doses. E a Islândia, que se lhe seguiu, 9.392.
A Noruega, que reportou o maior número de reações adversas nas últimas horas, isto é, dez, sendo que três foram durante o fim de semana, administrou até à sua suspensão 121.820 doses.
Abaixo a lista de Estados-membros que receberam e administraram a vacina da AstraZeneca, de acordo com o ECDC: