A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou esta sexta-feira a vacinação para os jovens com idades entre os 12 e os 15 anos, que apresentem comorbilidades, adiando a decisão de vacinar os restantes para quando estiverem disponíveis novos dados sobre os efeitos da vacina.
Miguel Prudêncio, especialista em vacinação do Instituto Molecular, elogiou ainda a decisão da diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, em tomar “uma decisão prudente” em relação a uma população que tem um risco “muito reduzido” de vir a ter complicações graves da covid-19.
Trata-se de uma decisão prudente e acertada, uma vez que se trata de uma população para quem o risco de complicações graves da covid é muito reduzido. Por essa razão, o benefício da vacinação para essas crianças é também ele reduzido”, explicou.
Sobre quando estarão disponíveis os dados necessários para aferir os efeitos da vacina, o especialista esclareceu que essa informação irá surgir progressivamente, assim que os países que estão a vacinar crianças comecem a tornar pública essa informação. No entanto, sublinha que é difícil adiantar uma data concreta por se tratar “de um processo contínuo”.
Questionado sobre se poderá existir algum ceticismo dos pais em vacinar os filhos caso a DGS autorize a toma da vacina, Miguel Prudêncio desdramatizou a questão e garantiu que todo o processo de vacinação em Portugal tem sido guiado por “dados concretos e evidências científicas”.
Se há uma coisa que tem caracterizado este processo tem sido a prudência, a monitorização constante e uma tomada de decisões baseada na segurança. Com recomendação, os pais não devem estar receosos”, frisou.
Miguel Prudêncio falou ainda sobre a possível necessidade da toma de um reforço das vacinas de duas doses, como é o caso da Pfizer, explicando que, neste momento, “não há dados que nos permitam dizer que seja necessária uma terceira dose e muito menos dizer que essa dose é necessária de imediato”.
A imunidade com duas doses é robusta e duradoura”, referiu.
Sobre os estudos que afirmam o mesmo em relação às vacinas de toma única, como a da Janssen, Prudêncio explicou que esses dados se referem a testes laboratoriais feitos in vitro, o que “não é a mesma coisa que dados do mundo real”, que ainda não existem.
Não se pode inferir já que a vacina da Janssen não tenha eficácia contra a variante Delta ou que essa eficácia seja reduzida. Mais uma vez, os dados que temos não nos permitem afirmar isso”, reforçou.
Caso venha a ser necessário o reforço, o perito explicou que é possível tomar uma segunda dose com uma vacina de outra farmacêutica, uma vez que está comprovado que isso não representa qualquer perigo para a saúde.