Tornado em Tomar: «Quem é que vai ajudar?» - TVI

Tornado em Tomar: «Quem é que vai ajudar?»

População limpa estragos e faz conta aos prejuízos temendo a falta de ajudas em época de crise

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Dezenas de populares procedem esta quarta-feira em Tomar à limpeza das habitações atingidas na terça-feira por um tornado , ao mesmo tempo que fazem a contabilidade dos prejuízos na esperança de virem a receber ajudas.

Em Venda Nova, freguesia de Casais, moradores, ainda incrédulos, choram as consequências de uma tragédia de segundos que levou telhados, arrancou árvores, derrubou muros, fez cair postos de electricidade e destruiu hortas.

Manuel Santos, que estava em casa quando o tornado passou

na freguesia, recordou os momentos em que apenas conseguiu fechar a porta e os gritos da vizinha.

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«A casa não tem telhado, partiu as telhas todas, afirmou Manuel Santos à agência Lusa. Já Carolina Duarte explicou que na sua moradia, onde o marido está acamado, há «vidros por todo o lado», mas as vidas foram poupadas. Em Tomar 36 pessoas, 19 dos quais crianças, ficaram feridas devido à projecção de partes de estruturas das casas.

Dos breves momentos de destruição, a idosa recorda, primeiro, a trovoada e depois «o vento horrível», que destruiu parcialmente a sua moradia e outras duas dos filhos. Carolina Duarte espera agora apoios para a recuperação, certa de que as dificuldades são muitas.

«Quem é que vai ajudar?», perguntou, esperançada de que o Natal não seja ainda mais difícil de passar. Na mesma rua, onde se vêem diversos funcionários a trabalhar na tentativa de repor a electricidade, Domingos Raimundo lamentou ter «tudo partido» e até uma «chaminé dentro de casa».

Sem ideia dos prejuízos, admite que a ajuda possa chegar do seguro. Outros eventuais apoios desconhece. «Ainda não sei de nada, ninguém diz nada», assegurou.

Na casa em frente, Josefina Duarte limpa a entrada da casa onde se amontoam destroços. O interior fica para depois. A mulher diz que o prejuízo ronda os «dois mil contos» e se o Natal não trouxer no sapatinho algum apoio, «vamos fazer conforme a gente puder».

«Gostava que o Estado ajudasse, mas nestas coisas não sei», declarou, certa de que «uma pessoa farta-se de trabalhar para ter alguma coisa», mas, de um momento para o outro, pode ficar sem nada.

Contas feitas, há pelo menos uma coisa que o tornado não levou: vidas. «Estamos vivos é o que interessa, vamos continuar a lutar», afirmou Josefina Duarte.

Na mesma rua, Celeste Soeiro, relatou uma «coisa louca, louca, louca», que fez «abalar as janelas». «[Levou] Tudo quanto eu tinha, não tenho nada», precisou, questionando, um par de vezes, e sem conseguir evitar as lágrimas de dor, que também eram de indignação: «Quem é que me ajuda? A gente a viver de reforma».
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