Um explicador de 41 anos foi condenado a cinco anos de pena suspensa, em Viana do Castelo, por 82 crimes de abuso sexual de criança e por seis de atos sexuais com adolescentes.
O homem foi ainda condenado a pagar indemnizações às vítimas com valores entre os 400 e os 3620 euros.
Um dos três juízes do tribunal coletivo votou contra a suspensão da pena.
O homem ficou obrigado a receber acompanhamento psicológico e psiquiátrico, "que será monitorizado de perto".
Tem apenas permissão para "dar explicações, ter contacto ou participar em atividades que envolvem maiores de 16 anos, de ambos os sexos", determinou o acórdão.
“Levo um sentimento de alguma indignação social porque considero que estes crimes são de extrema gravidade. Foi uma pena muito singela e insignificante”, disse Isabel Guimarães, advogada de cinco das vítimas, que pretendia uma pena mais elevada e efetiva.
No entanto, a advogada não espera que haja recurso, porque “o Ministério Público pediu isto mesmo” nas alegações finais.
Isabel Guimarães lembrou ainda que o arguido reincidiu no crime enquanto o inquérito já decorria: "Não me dá garantias nenhumas que não volte a reincidir."
De acordo com a acusação, o "arguido atuou sempre de forma livre, deliberada e conscientemente, com perfeito conhecimento das idades dos menores e com intenção de satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que estes, em razão da sua idade, não tinham a capacidade e o discernimento necessários a uma livre decisão e aquele relacionamento sexual prejudicava o seu normal desenvolvimento".
Segundo a acusação, os crimes terão ocorrido na casa do arguido, durante as explicações de matemática, nas aulas de karaté que o homem ministrava em dois espaços de Viana do Castelo e em passeios, que o próprio promovia com os menores.
O caso foi espoletado a 6 novembro de 2015, na sequência de uma denúncia apresentada pelos pais de uma das crianças que frequentaria as explicações dadas pelo arguido.
O explicador de matemática e professor de karaté foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) a 21 de novembro daquele ano. Na altura, em comunicado, a PJ adiantou que "os crimes ocorreram na área de Viana do Castelo, aproveitando-se o arguido do contacto com crianças a quem dava apoio escolar".
Na ocasião, foram aplicadas ao explicador, casado e pai de duas filhas, as medidas de proibição de contacto com crianças e jovens e de frequência de diversos locais.