Terrenos de Afife utilizados para desembarque de droga - TVI

Terrenos de Afife utilizados para desembarque de droga

Apreensão de 2.500 kg de droga em Faro

Denúncia é feita por um empresário em carta enviada a Cavaco Silva

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O gerente de uma sociedade proprietária de 50 hectares de terrenos em Afife, Viana do Castelo, escreveu ao Presidente da República pedindo-lhe que dinamize uma investigação policial à possibilidade de a costa estar a ser usada para desembarque de drogas.

Na carta, a que a agência Lusa teve acesso, o francês Jacques Hudry, gerente da sociedade ERI, de Braga, diz a Cavaco Silva que a proibição de construção nos terrenos reduziu-os a «um enclave» e a uma «terra de ninguém, que serve uma organização de narcotraficantes que desembarca regularmente estupefacientes via marítima, provenientes da América Latina».

O empresário mantém, desde 1992, vários litígios judiciais com a Câmara Municipal de Viana e com o Estado, por ter visto desclassificados os terrenos, de área de construção para zona de reserva ecológica, sem ter recebido qualquer indemnização pela desvalorização.

Um dos processos judiciais, onde a ERI pede 50 milhões de euros de indemnização, corre há 14 anos nos Tribunais Cível de Braga e Administrativo e Fiscal do Porto, sem que se vislumbre um prazo para a sua resolução.

PJ já foi informada

A PJ/Braga, contactada pela Agência Lusa, adiantou que, na sequência das denúncias do empresário, foi feita uma informação sobre o caso para o Ministério Público de Viana do Castelo, aguardando a sua decisão sobre a abertura de um inquérito.

Jacques Hudry salienta que já em 2004 alertou o anterior Presidente Jorge Sampaio sobre a possibilidade da «existência de um cartel capaz de invalidar sistematicamente toda e qualquer possibilidade de presença humana sobre os terrenos à beira-mar».

O gestor concluiu que, como venceu todos os processos judiciais, até à última instância, a única explicação que encontra é a de que «alguém quer que os terrenos continuem na sua posse e a zona deserta».

Garante que o argumento da ecologia usado para justificar a política para o local «deu ao público uma percepção errada, não sendo, na realidade, nada mais do que um embuste».

«Basta visitar os terrenos, que se estendem por mais de três quilómetros, para ficar convencido», realça ainda Hudry na carta endereçada ao Chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
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