«A arquitectura é um combate, um jogo de Sumo» - TVI

«A arquitectura é um combate, um jogo de Sumo»

Arquitecto premiado em entrevista no TVI24

Eduardo Souto de Moura, arquitecto premiado com o prémio Pritzker 2011, afirmou esta terça-feira em entrevista ao TVI24 que a arquitectura é como «um combate» comparável a um jogo de Sumo. O arquitecto premiado disse ainda que a arquitectura deve ser saboreada, tal como a gastronomia.

O discípulo do também laureado Siza Vieira confessou que foi com grande alegria que recebeu o prémio, considerado por muitos como o Nobel da Arquitectura. «Senti-me muito bem, por mim, pelos outros arquitectos e por este país. Há uma arquitectura portuguesa e é conhecida lá fora», disse.



Para Souto de Moura a arquitectura «é um cruzamento de informações» e que por isso o processo criativo não depende apenas de uma inspiração. «Não é uma musa que me aparece. É um conjunto de factores que são aparentemente incompatíveis, estão num caos: o terreno, o orçamento, os clientes. E depois é um trabalho em que se vai tentar conciliar e ver quem ganha. É um combate».

Um combate que o laureado não hesita em comparar com actividades bem distante da arquitectura. «Eu comparo o combate a um jogo japonês, o sumo (eu também sou robusto), a técnica não é derrubar o factor adverso, não é tentar impormo-nos a ele. Ele cai pela sua própria força», explicou.

Souto de Moura adianta também como lhe surgem as ideias que dão origem às obras agora premiadas internacionalmente com o galardão mais importante da área. «É um conjunto de flashs que me vão aparecendo. Imagens que vão aparecendo e vai-se tornar através do desenho e da maquete saber se são compatíveis entre elas. Às vezes pode ter-se uma grande ideia e não ter orçamento. Pode-se ter uma grande imagem e não caber no sítio», exemplifica.

O arquitecto clássica ainda a arte como uma forma de vida e compara-a a uma outra arte na sua forma de execução. «A arquitectura tem que ser lenta. Um bocado como a gastronomia, tem que ser em lume brando, se não queima ou fica cru por dentro. A arquitectura é um modo de vida, não é uma profissão, é uma decisão que nós tomamos de viver assim», confessou.
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