Advogado responsabiliza polícia por entrada de cocaína - TVI

Advogado responsabiliza polícia por entrada de cocaína

Advogado

«A informação que tenho é de que a polícia [norte-americana] terá ido buscar a droga à Colômbia»

O advogado de um colombiano acusado de ser um dos responsáveis pela entrada de 340 quilogramas de cocaína em Portugal afirmou hoje no Tribunal de Almada que foi a polícia norte-americana a trazer a droga da Colômbia.

«A informação que tenho é de que a polícia terá ido buscar a droga à Colômbia», disse aos jornalistas o advogado Carlos Melo Alves, defensor do principal arguido num processo-crime por tráfico de estupefacientes, que hoje teve início no Tribunal de Almada.

«Não tenho dúvida nenhuma de que a investigação está ferida de ilegalidade», acrescentou o advogado, reafirmando a convicção de que o principal responsável pela vinda da droga para Portugal terá sido um agente infiltrado da polícia norte-americana DEA, agência antidroga dos EUA.

O advogado Carlos Melo Alves falava aos jornalistas no final da primeira audiência do julgamento de cinco arguidos - dois colombianos e três espanhóis, todos em prisão preventiva -, acusados de um crime de tráfico de estupefacientes.

Os cinco arguidos foram capturados na sequência de uma operação policial realizada em julho de 2012 na Costa da Caparica, que culminou com a detenção dos cinco suspeitos e a apreensão de 340 quilogramas de cocaína, após uma investigação conjunta da Polícia judiciária com a Interpol e a DEA.

Carlos Melo Alves defende o arguido Luís Macias Nieto, um colombiano de 66 anos, conhecido como «El Doctor», que é considerado pelas autoridades internacionais como um dos principais traficantes de droga da Colômbia e sob o qual recai um pedido de extradição para os EUA.

Na primeira sessão do julgamento, em que foram ouvidos os inspetores da Polícia Judiciária e testemunhas que assistiram à captura de alguns dos cinco arguidos numa artéria da Costa da Caparica, os advogados de defesa deixaram claro que vão seguir uma estratégia que visa a nulidade do julgamento.

A pedido do procurador da República, o Tribunal de Almada decidiu solicitar ao diretor Nacional da Polícia Judiciária para que diligenciasse junto da DEA, no sentido de ser ouvido o «agente infiltrado» que os advogados dos cinco arguidos consideram ter tido um papel de instigador da prática do crime, o que não é permitido pela legislação portuguesa.

De acordo com o despacho de pronúncia do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), Luís Macias Nieto e outro arguido, Edil Sua Luna, «decidiram transportar cerca de 340 quilos de cocaína da Colômbia para Portugal», que depois deveria ser vendida no mercado europeu.

A próxima sessão do julgamento decorre no próximo dia 21 de outubro, às 14:00, no Tribunal de Almada.
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