Começa o julgamento do «violador de Telheiras» - TVI

Começa o julgamento do «violador de Telheiras»

Henrique Sotero está acusado de 74 crimes e pode enfrentar a pena máxima de prisão, 25 anos

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Ficou conhecido como «o violador de Telheiras» e foi considerado pelas autoridades como «um predador sexual». 16 vítimas, 14 raparigas e 2 rapazes. 74 crimes. Henrique Sotero começa, esta quinta-feira, a ser julgado no Campus da Justiça, em Lisboa.

Apesar da maioria dos crimes terem sido cometidos na zona de Telheiras, em Lisboa, Henrique Sotero, o suspeito confesso dos crimes praticou ataques em outras zonas. O primeiro abuso sexual, segundo o próprio assumiu, terá sido cometido «nos Olivais». Este é um caso único no país. Não só pelo número de vítimas, mas também pela sua aparente facilidade em escapar às autoridades durante anos.

Só ao fim de mais de um ano a Polícia Judiciária (PJ) percebeu estar perante o mesmo suspeito. Inicialmente pelo «modus operandis» e, por fim, pelos vestígios biológicos deixados nos locais dos crimes. O facto de Sotero ter actuado em comarcas diferentes fez as vítimas apresentarem queixas em zonas distintas de Lisboa.

Em Março de 2009, a PJ suspeita estar perante um mesmo agressor, mas só em Setembro, do mesmo ano, recebe a confirmação do perfil genético.

Sotero admitiu às autoridades que os seus comportamentos desviantes terão começado em 2005. Primeiro através de fotografias tiradas a raparigas bonitas.

Descoberto pela namorada, a mesma que continua ao seu lado até hoje, prometeu não voltar a fazê-lo. E, aparentemente cumpriu. No entanto, das fotos passou a segui-las e, depois, aos abusos sexuais. Os comportamentos tornaram-se mais frequentes e agressivos.

Aos investigadores Sotero confessou que terá feito cerca de 40 abordagens a jovens, não tendo consumado actos sexuais com todas. Algumas vezes, apesar da sua intenção ser sexual, apenas roubou coisas.

Na acusação, o Ministério Público descreve 13 «ataques», o primeiro dos quais em Abril de 2007. Em 2008, o «violador de Telheiras» consuma cinco violações e, em 2009, sete.

Quase todos os crimes aconteceram durante a semana, às terças e quintas-feiras. Sendo que em Telheiras, uma zona que o próprio arguido confessou que «gostava», consumou crimes em sete ruas. Em Oeiras, atacou no Parque dos Poetas e em Linda-a-Velha em duas ruas. Na zona de Alfragide terá apenas cometido uma violação.

No dia 10 de Novembro de 2009, Henrique Sotero foi abordado pela PJ na zona de Telheiras e identificado. Nesse dia, o motivo da sua presença naquela zona era uma formação. Apesar de ter achado que a verdade do seu álibi o tinha ilibado, assustou-se. Contou à namorada, procurou ajuda médica e não voltou a cometer mais nenhum crime.

Dia 2 de Março, após a divulgação de um retrato robot nos jornais, uma chamada anónima, sugere que o «violador de Telheiras» pode ser «funcionário da TvCabo ou da Zon» e que «já foi identificado». A 5 de Março, Sotero foi detido pela PJ. Cconfessou os crimes.

As provas biológicas, que incluem impressões digitais e ADN, juntamente com a confissão, acabaram por determinar o futuro da defesa de Sotero. Imputabilidade diminuída. Este é o objectivo. Provar em tribunal que o seu cliente sofre uma compulsão que o impedia de parar.

Foi requerida uma perícia ao Instituto de Medicina Legal, mas esta contraria a ideia. Para os peritos, Henrique Sotero sabia o que fazia e não sofre de nenhuma compulsão que lhe diminua o grau de culpa. O relatório diz mesmo que este revela «perigosidade» e «pode voltar a ter comportamentos semelhantes».
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