«Face Oculta»: juiz recusa cópia das escutas - TVI

«Face Oculta»: juiz recusa cópia das escutas

Ultrapassada a questão do acesso às escutas, foi tempo de ouvir novamente Armando Vara. Esta quinta-feira decorre a terceira sessão do mega-julgamento de Aveiro

Relacionados
O juiz Raul Cordeiro, que preside ao colectivo de juízes que está a julgar o caso «face Oculta», recusou dar cópia destas escutas aos advogados de defesa, tal como alguns pretendiam. «Há muita coisa de escutas já por aí», afirmou o magistrado, que respondia a um requerimento apresentado na quarta-feira pelo advogado Carlos Pinto de Abreu, que defende o arguido António Paulo Costa, quadro da GALP. De manhã, ainda houve tempo para ouvir Armando Vara.

Os juízes entenderam que os advogados e restantes sujeitos processuais poderão ter acesso às referidas escutas, que se encontram nos cd's que estão à guarda do tribunal, após estes examinarem os suportes e referirem quais os produtos que pretendem transcrever para juntar ao processo. Só depois o tribunal decidirá da sua admissão.

Também o Ministério Público (MP) pediu para ouvir escutas que não constam do processo e que, segundo o procurador Marques Vidal, iriam permitir esclarecer «várias controversas» entre as declarações prestadas por Armando Vara no tribunal, na quarta-feira, e durante a fase de inquérito ¿ a propósito do alegado envolvimento na demissão de dirigentes no sector dos transportes. Argumentos que não colheram junto do juiz Raul Cordeiro e dos seus pares.

O acesso às escutas de conversas telefónicas no processo «Face Oculta» que não constam dos autos marcou assim o início da terceira sessão do julgamento, que decorre desde terça-feira no Tribunal de Aveiro.

A maioria dos advogados de defesa manifestou-se contra a inclusão de novas escutas nos autos e o advogado de Carlos Vasconcellos, João Folque, chegou mesmo a sugerir que este processo deveria deixar de se chamar «Face Oculta» para se passar a designar «Prova Oculta».

Armando Vara ouvido novamente

Cerca das 11:50, o tribunal recomeçou a ouvir o arguido Armando Vara, que não colocou de parte a hipótese de ter falado sobre a demissão do presidente da CP, Cardoso Reis, durante um almoço com Manuel Godinho e Lopes Barreira. «Admito que tenha falado com Lopes Barreira a caminho do almoço e que, durante o almoço, possa ter dito qualquer expressão sobre a matéria. Alguma coisa disse mas não sei dizer o quê», e negou ter falado sobre a demissão da então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.

Vara procurou também esclarecer uma contradição entre as declarações que fez ao tribunal e quando foi ouvido no juiz de Instrução Criminal de Aveiro quanto ao seu conhecimento do acórdão da Relação do Porto sobre o caso que opunha a O2 (empresa de Manuel Godinho) à Refer. No primeiro momento o ex-ministro disse que não teve acesso ao documento, mas ao tribunal disse que tinha recebido um envelope com uma cópia do referido documento durante um almoço em casa de Manuel Godinho.

«Não me lembrava de ter tido acesso ao documento, mas após a fase de instrução fui ver tudo o que havia sobre a matéria e lembrei-me, após ver as conversas transcritas do Manuel Godinho», afirmou.

Leia aqui a continuação do depoimento de Vara

A sessão foi interrompida cerca das 12:30 para almoço retomada por volta das 14:00

Siga o julgamento «Face Oculta ao minuto
Continue a ler esta notícia

Relacionados