Jovens bebem álcool cada vez mais cedo - TVI

Jovens bebem álcool cada vez mais cedo

Estudo revela que os jovens se embebedam mais vezes e em maiores quantidades

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Os jovens portugueses começam a experimentar cada vez mais cedo o consumo de álcool, bebem em maiores quantidades e embriagam-se mais vezes, revela um estudo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) divulgado esta quarta-feira.

O estudo sobre o consumo de álcool, tabaco e drogas em meio escolar, que decorreu em Maio e envolveu 13 mil alunos com idades entre os 13 e os 18 anos, revela que 37,3 por cento (%) dos alunos com 13 anos já experimentou beber álcool, número que sobe para 90,8% nos jovens com 18 anos, noticia a agência Lusa.

Oito por cento dos alunos com 13 anos revela que já apanhou uma «bebedeira», uma situação vivida por mais de metade (53,9%) dos jovens com 18 anos.

Relativamente à prevalência do consumo de bebidas alcoólicas ao longo da vida, o estudo revela que tem vindo a diminuir entre 2003 e 2011, sendo o decréscimo mais acentuado nas raparigas de 13 anos.

Fazendo um retrato do consumo de álcool entre os jovens, Joana Feijão, uma das autoras do estudo, referiu que «há uma maior quantidade de substâncias consumidas, principalmente as bebidas destiladas, e uma mudança dos [alunos] mais velhos para consumirem menos cervejas e mais [bebidas] destiladas».

«A maior quantidade de substância consumida traduz-se depois numa maior percentagem de alunos que refere não só ter-se embriagado, como tê-lo feito mais vezes», adiantou, referindo que quase um quarto dos alunos com 18 anos disse ter-se embriagado no últimos mês.

A investigadora alertou para as consequências destes consumos para a saúde dos jovens, «uma situação que deve merecer a atenção das autoridades de saúde, da Educação», mas também dos pais.

«Os pais não podem demitir-se. Se eu tenho um filho adolescente que sai à noite eu tenho de saber com quem vai, o que faz e o que é capaz de fazer. Não posso atribuir ao Estado toda a responsabilidade», defendeu.

Manuel Cardoso, do IDT, acrescentou, por seu turno, que «a intervenção tem de ser feita no sentido de tentar diminuir, atrasar o início dos consumos, a quantidade consumida porque os mais jovens não estão preparados biologicamente para poder consumir».

Alertou para as «consequências gravíssimas» destes consumos para a saúde, lembrando que estão a aparecer cada vez mais cedo dependências alcoólicas, cirroses hepáticas, além de outros problemas, como a violência associada ao álcool.



Apesar de ter diminuído o número de consumidores de álcool e de tabaco, «os que consomem, consomem com mais frequência», observou Joana Feijão.

Segundo o estudo, um terço dos jovens com 18 anos fuma, percentagem que desce para 5,3% nos alunos com 13 anos. Mas a percentagem de consumidores tem vindo a diminuir nas camadas mais jovens e estabilizou nos mais velhos.

Relativamente ao consumo de drogas, Joana Feijão adiantou que houve um aumento do número de jovens que experimentam, mas o número de consumidores habituais diminuiu.

No caso da cannabis, 27,1% dos alunos com 13 anos disse já ter experimentado este ano, refere o estudo, assinalando ainda o aumento de consumo de anfetaminas associado à cultura de diversão e o decréscimo do consumo de cocaína, com excepção no grupo dos 16 anos.

«Os resultados do consumo de droga até são bastante satisfatórios», sublinhou a investigadora, alertando que o consumo também é uma «questão de moda e de mercado», que manipula os consumidores.

«Não podemos olhar para o consumo de substâncias psicoactivas independentemente das leis do mercado. Há mercado e isto é um negócio» que rende muito dinheiro, disse.
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