Uma em cada quatro crianças já bebeu álcool - TVI

Uma em cada quatro crianças já bebeu álcool

Álcool [Reuters]

A revelação consta do relatório da Direção-Geral da Saúde «Portugal Saúde Mental em Números - 2013»

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Um quarto das crianças com menos de 11 anos já experimentou bebidas alcoólicas e os jovens procuram apanhar bebedeiras cada vez mais rapidamente, adotando práticas como a introdução de álcool nos olhos, no ânus ou na vagina.

A revelação consta do relatório da Direção-Geral da Saúde «Portugal Saúde Mental em Números - 2013», hoje divulgado.

Com base num inquérito realizado em 2010 sobre os comportamentos em saúde entre as crianças de idade escolar, o relatório indica que 26,4% com idade igual ou inferior a 11 anos já tinha experimentado bebidas alcoólicas e que 9,5% acabaram embriagados.

Ainda sobre a idade de experimentação de álcool, o documento revela que é entre os 12 e os 13 anos que se encontra a maior percentagem (41,9%), ao passo que com mais de 14 anos foram 31,7% os jovens que experimentaram.

Os mesmos dados mostram que na faixa dos 12-13 anos é maior a percentagem de raparigas que experimentou bebidas alcoólicas do que de rapazes.

O relatório destaca que nas últimas décadas o padrão de consumo tem-se modificado significativamente, com uma passagem do tendencialmente «mediterrânico» - diário, por vezes em volumes elevados, por adultos, e sobretudo de vinho ¿ para o «anglo-saxonico» - quase nó nos fins de semana, muitas vezes com «intenção de intoxicação aguda rápida (binge drinking)», em idades cada vezes mais precoces e progressivamente mais feminino.

Um reflexo desta tendência de procura da «intoxicação aguda quase instantânea» entre os jovens é a adoção de práticas como a «instilação ocular ou a aplicação de tampões impregnados em bebidas alcoólicas destiladas no ânus, ou na vagina, áreas anatómicas em que a riqueza vascular permite absorções muito rápidas», denunciam os autores do relatório, que lamentam a sobreposição dos interesses económicos aos da saúde pública.

«A tolerância dos costumes e o primado do interesse económico sobre a saúde pública vem permitindo permissividade familiar e social dos consumos, que sendo em moeres de idade são sempre de risco, independentemente do volume de álcool ingerido», afirma o documento, acrescentando que «várias investigações registam que o início de consumos se verifica em idades cada vezes mais precoces e com aparente estrita intenção de fuga da realidade».

O relatório sublinha que o total de alunos do secundário, com risco mais elevado por serem menores de idade, tem mantido consumos crescentes, para todos os tipos de bebidas e em particular nos consumos de maior risco.

Comparando a evolução dos consumos entre 2001, 2006 e 2011, por ciclos de estudo (3º ciclo e secundário), verifica-se que em 2001 consumo se limitava à cerveja, ao vinho e às bebidas destiladas.

Em 2006 e, particularmente, em 2011, verifica-se o aparecimento de mais embriaguezes e do consumo - com tendência fortemente crescente - de outras bebidas como Alcoolpops (bebidas brancas misturadas com xaropes doces e frutados) e binge drinking (beber uma grande quantidade de álcool num curto espaço de tempo).

O relatório conclui que «sendo o risco psicótico destas substancias potencialmente maior em idades mais jovens, o resultado [dos inquéritos] é inquietante».
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