Os suspeitos, que se encontram em prisão preventiva ao abrigo do processo, estão acusados pelo Ministério Público (MP) de dois homicídios, um na forma tentada, de sequestro e de detenção de arma proibida.
O despacho de acusação do MP sustenta que os arguidos se encontraram com uma das vítimas a 19 de abril de 2014, no Parque das Nações, em Lisboa, “a fim de lhe exigir a entrega de notas forjadas, de acordo com o que tinham combinado anteriormente”, depois de terem pago 3.000 euros a um conhecido desta vítima pelo fabrico das notas.
Como os arguidos não obtiveram nem o fabrico das notas nem a devolução do dinheiro, “entraram na viatura do ofendido, amarraram-no no banco da frente e dirigiram-se para a zona da Amadora”, no bairro do Zambujal. Aí chegados, “forçaram-no a telefonar” à outra vítima a pedir que fosse ao seu encontro, refere a acusação.
Quando a segunda vítima se aproximou da viatura, e como não tinha feito a entrega do dinheiro, “um dos arguidos encostou-lhe a arma de fogo e disparou, provocando-lhe lesões permanentes e graves”.
De seguida, os suspeitos colocaram-se em fuga numa outra viatura.
“Assim circularam com ela [vítima] até local ermo da zona de Vila Franca de Xira, na Reta do Cabo, onde pararam, saíram da viatura e dispararam quatro tiros contra esta vítima, que mantinham amarrada no interior do veículo. Abandonaram a viatura deixando a vítima no seu interior já morta”, relata o despacho da acusação.
Confrontados com estes factos na primeira sessão de julgamento, que decorreu hoje à tarde no Tribunal de Comarca Lisboa Norte, em Loures, os arguidos confessaram a sua autoria, mas alegaram que “tudo se deveu ao desespero” e que “nunca houve intenção de matar ninguém”.
Os dois arguidos, de 24 e 36 anos, referiram que a única intenção que tinham era recuperar os 3.000 euros investidos no negócio de falsificação de notas.
No final da sessão, em declarações aos jornalistas, a advogada de um dos arguidos mostrou-se satisfeita com o depoimento prestado pelo seu cliente, considerando que “não existiram contradições”.
Com perceção diferente ficou o presidente do coletivo de juízes e o Ministério Público que, por diversas vezes durante a sessão, alertaram os arguidos para as “incoerências” das declarações que estavam a ser prestadas.
A próxima sessão está agendada para a próxima quinta-feira, a partir das 09:15.