Fogo não afetou Vinho da Madeira, mas vai haver quebra de 10% - TVI

Fogo não afetou Vinho da Madeira, mas vai haver quebra de 10%

Incêndios provocaram três vítimas mortais e um ferido grave. Cerca de mil pessoas foram retiradas de habitações, hospitais, clínicas, lares de idosos e hotéis, tendo cerca de três centenas de casas ficado danificadas. Os danos materiais ainda não estão totalmente contabilizados

A Secretaria Regional da Agricultura e Pescas da Madeira afirmou, esta terça-feira, que numa primeira avaliação a vindima deste ano não foi muito afetada pelos incêndios que fustigaram a ilha da Madeira na passada semana, mas terá uma quebra de 10%.

Segundo os primeiros dados do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), a vindima de 2016 não terá sido muito afetada pelos incêndios que na passada semana consumiram vastas áreas em alguns concelhos da região”, refere este departamento do executivo madeirense numa nota enviada à agência Lusa.

O gabinete do secretário regional Humberto Vasconcelos adianta que os técnicos do instituto têm estado em várias zonas afetadas pelo fogo a dar apoio aos viticultores, havendo “neste momento a lamentar apenas algumas produções no concelho da Calheta [zona oeste da ilha], que estão com alguns prejuízos”.

A SRAP refere que se perspetiva uma “quebra de produção na ordem dos 10%, resultante apenas das condições meteorológicas”, não diretamente relacionadas com os incêndios.

Em 2015, foram produzidas 4.680 toneladas de uvas na região. No ano passado a comercialização do Vinho da Madeira situou-se nos mais de 3,3 milhões de litros, representando os países da União Europeia uma quota de mercado de 80,9 %.

Estes são o principal destino deste vinho, com especial destaque para a França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica, além de Portugal continental.

O governo madeirense aconselha os agricultores que tenham sido afetados pelos incêndios a contactar a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas ou as Juntas de Freguesia.

No próximo dia 29 começa mais uma edição da Festa do Vinho da Madeira, que este ano se prolonga até 12 de setembro.

Vai haver reforço de verbas para o ambiente

O Governo da Madeira informou ter conseguido um reforço de verbas ao abrigo de um programa do Fundo de Coesão para afetar à área do ambiente, na sequência dos incêndios que se registaram na passada semana.

A região já garantiu, igualmente junto do Governo da República, bem como da autoridade de gestão do PO SEUR [Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos], o compromisso para um reforço de verbas deste programa do Fundo de Coesão especialmente focado para questões de natureza ambiental”, refere uma informação divulgada pela Secretaria dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira, sem especificar o montante.

O gabinete do secretário Sérgio Marques recorda que aconteceu o mesmo para fazer face a problemas causados com a aluvião de 20 de fevereiro de 2010 na ilha da Madeira, com o plano correspondente a este programa na altura - o Programa Operacional Temático da Valorização do Território (POVT).

O governo madeirense relembra que “o PO SEUR apresentava limitações muito severas no que diz respeito à elegibilidade de sustentação de taludes que não fossem confluentes a linhas de águas, excluindo portanto os chamados ‘taludes de estrada’”.

O Governo Regional, entretanto, conseguiu uma mudança no regulamento do programa que permitirá uma maior facilidade no acesso ao financiamento destas intervenções de estabilização, algo estrutural na região, uma vez que o trabalho de estabilização e sustentação de taludes nunca cessará, dada a orografia” do território da ilha, sublinha.

A secretaria adianta que começou hoje e vai decorrer até ao final desta semana o trabalho de saneamento e limpeza dos taludes sobranceiros à ligação entre o Campo da Barca e a Via Rápida.

A Direção Regional de Estradas vai realizar “trabalhos de limpeza desta ordem de forma periódica”, considerando que esta intervenção se torna “ainda mais pertinente após os trágicos incêndios da última semana”.

Além dos trabalhos de remoção de inertes que se encontram soltos na sequência dos incêndios, será realizado um estudo por um especialista em Geotecnia, que se deslocou à ilha após ser contratado pelo governo do arquipélago.

O objetivo é “analisar as zonas que ficaram descobertas de vegetação após os fogos”.

Outras intervenções se realizarão nos próximos dias e semanas, no pressuposto de garantir a segurança dos transeuntes e o célere regresso à normalidade”, pode ler-se ainda na mesma nota.

O governo madeirense também pretende estabelecer uma parceria com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil para “estudar as melhores práticas de reposição de estabilidade nos taludes afetados pela destruição do seu coberto vegetal”, que pode contar com o apoio da engenharia militar.

Os incêndios ocorridos na ilha da Madeira na passada semana provocaram três vítimas mortais e um ferido grave. Cerca de mil pessoas foram retiradas de habitações, hospitais, clínicas, lares de idosos e hotéis, tendo cerca de três centenas de casas ficado danificadas.

Os danos materiais ainda não estão totalmente contabilizados.

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