Crise pode aumentar agressões a profissionais de saúde - TVI

Crise pode aumentar agressões a profissionais de saúde

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Estudo dá conta de que metade dos profissionais é agredido pelo menos uma vez por ano

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Cerca de metade dos profissionais de saúde é agredido pelo menos uma vez por ano, segundo um estudo do investigador André Biscaia, divulgado esta segunda-feira pela pela Direcção-Geral de Saúde (DGS), avança a Lusa.

O Relatório de Avaliação dos Episódios de Violência Contra os Profissionais de Saúde apenas regista o número de casos comunicados e revela que o número de agressões a profissionais de saúde relatadas em 2010 diminuiu, passando de 174 em 2009 para 79 no ano passado.

«Não sabemos se estes números reflectem uma diminuição real de violência ou uma diminuição de reportes, que são sempre voluntários», sublinhou André Biscaia.

De acordo com o investigador, os números «variam muito» consoante as instituições e os cargos ocupados nos serviços de saúde, porque existem «factores de vulnerabilidade», uma vez que quem tem mais contacto com o público está mais exposto.



A agressão verbal é a mais habitual, seguida da pressão moral e da violência contra a propriedade pessoal, como «os roubos ou riscar o carro do profissional de saúde», que representam cerca de 15 por cento.



«Mas existe todo o tipo de violência, nomeadamente a física, o assédio sexual ou a discriminação», explicou.

«Cerca de metade dos profissionais de saúde já sofreu agressões verbais, o assédio moral representa 16 a 18 por cento e a violência física apenas dois a três por cento».



Os agressores são habitualmente os utilizadores dos serviços, mas também os seus familiares e acompanhantes e outros profissionais de saúde.

Os locais onde se registam mais episódios são os serviços de psiquiatria, onde 70 por cento dos profissionais já foram alvo de violência, seguido das urgências.

De acordo com o relatório, «as vítimas predominantes são os enfermeiros e os médicos» e que na sua maioria são, «geralmente, do sexo feminino, com idade compreendida entre os 30 a 49 anos».

Crise pode aumentar agressões

André Biscaia admitiu que os casos de violência contra os profissionais de saúde poderão aumentar com os cortes orçamentais.

«Uma boa parte da violência está associada a uma situação de conflito e quando tem de se dizer que «não» a possibilidade de haver um conflito é maior. Com os cortes orçamentais, as alturas em que se vai dizer que «não» vão aumentar», contou.

Para o especialista, é essencial garantir que o agressor é punido: «O recurso à violência não pode ser tolerado nunca».

André Biscaia sublinhou ainda que é importante criar circunstâncias para diminuir as probabilidades de casos de violência.

«É fundamental que as coisas funcionem bem, porque quando isso acontece o risco de violência diminui», sustentou.

«Um serviço que dá uma boa resposta, em termos de qualidade técnica do atendimento e de acesso, e presta a devida atenção às necessidades não clínicas dos seus utilizadores terá menos conflitos que poderão degenerar em violência», conclui Biscaia, referindo-se a questões como o conforto das instalações, tempos de espera adequados, ambiente calmo e sistema de reclamações e sugestões.
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