Governo nega pressões a jornalistas - TVI

Governo nega pressões a jornalistas

  • Portugal Diário
  • 10 abr 2007, 13:00

Ministro diz que telefonema dos assessores foi resposta a pedido do jornal

O ministro dos Assuntos Parlamentares considerou esta terça-feira natural que o gabinete do primeiro-ministro tenha contactado com o Público a propósito de um artigo acerca da licenciatura de José Sócrates, já que houve contactos iniciais por parte do jornal a pedir esclarecimentos.

«Tanto quanto sei houve contactos iniciais do Público com o gabinete do primeiro-ministro» a pedir esclarecimentos acerca da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente, disse hoje o ministro Augusto Santos Silva num debate promovido pelo Rádio Clube Português.

De acordo com Santos Silva, este contacto inicial legitima e torna «natural» que os assessores do primeiro-ministro tenham devolvido o contacto, ligando para o jornal Público.

O debate realizado no Rádio Clube Português (RCP), subordinado ao tema «Está ou não o Governo a influenciar os jornalistas portugueses?», contou, além do ministro dos Assuntos Parlamentares, com o deputado do PSD Agostinho Branquinho, o presidente do Observatório da Imprensa, Joaquim Vieira, e o director do jornal Público, José Manuel Fernandes.

O tema da discussão foi escolhido depois de a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) ter anunciado que irá ouvir um assessor do primeiro-ministro e os directores e jornalistas envolvidos num artigo publicado dia 31 de Março pelo semanário Expresso sobre tentativas de condicionamento dos media pelo Governo.

O artigo do semanário, intitulado «Impulso Irresistível de Controlar», refere que, após o noticiário das oito da manhã da Renascença do dia 22 de Março, «os assessores do primeiro-ministro despertaram para um frenesim de telefonemas. A rádio dava eco à notícia do jornal Público que levantava dúvidas em torno da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente».

O texto afirma ainda que, «no primeiro Natal que passou como chefe do Executivo, José Sócrates foi de férias para a neve», tendo a SIC Notícias entrevistado na altura o ministro da Presidência.

«A certa altura, Pedro Silva Pereira foi interpelado sobre que sentido faziam essas férias de luxo quando o Governo pedia sacrifícios aos portugueses por causa do défice», acrescenta o artigo publicado no Expresso, que cita o director do canal, Ricardo Costa, afirmando: «O primeiro-ministro ficou furibundo e telefonou-me directamente».

Para o deputado Agostinho Branquinho, a situação corresponde «claramente» a uma tentativa de o Governo condicionar os media, o que o presidente do Observatório da Imprensa considerou «normal».

«A tentativa de controlo da comunicação social é uma prática comum a todos os governos e sociedades», defendeu Joaquim Vieira, explicando que isso «faz parte da agenda política».

Admitindo que resistir às pressões faz parte do papel dos jornalistas, Joaquim Vieira adiantou que o que é preciso é «saber se há ameaças ou chantagens» e «se os próprios jornais fazem auto-censura».
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