Moniz garante que houve ingerência do Governo na TVI - TVI

Moniz garante que houve ingerência do Governo na TVI

José Eduardo Moniz na Ongoing Media

Antigo diretor-geral da TVI fala do afastamento do canal e ao fim do «Jornal Nacional», apresentado pela sua mulher, Manuela Moura Guedes

Relacionados
José Eduardo Moniz, antigo diretor-geral da TVI, garante que houve ingerência do Governo no caso que levou ao seu afastamento do canal e ao fim do «Jornal Nacional» e diz que disso sai beliscado o primeiro-ministro e o sistema judicial, escreve a Lusa.

Moura Guedes faz participação criminal à PGR

Recorde-se que, na passada sexta-feira, o semanário «Sol» transcreveu extractos do despacho do juiz de Aveiro responsável pelo caso Face Oculta em que este considera haver «indícios muito fortes da existência de um plano», envolvendo o primeiro ministro, para controlar a TVI e afastar Moniz e a mulher, Manuela Moura Guedes, que apresentava o «Jornal Nacional». José Sócrates já negou que fizesse parte desse plano.

«Ontem [quarta-feira] houve uma pequena 'nuance' nas afirmaçöes do primeiro ministro: diz que näo teve conhecimento formal [do negócio entre a PT e a TVI], anteriormente näo tinha conhecimento puro e simples, o que significa que alguma coisa sabia do negócio», disse José Eduardo Moniz, que se encontra em Maputo, onde assinou pela Ongoing um acordo com um grupo de comunicaçäo social de Moçambique.

«Apenas se näo conhecem os contornos em que as coisas ocorreram»

.

E acrescentou: «Que houve ingerência nestes processos relacionados com a TVI e com outras entidades da parte do Governo, näo tenho a mínima duvida, aliás, acho que hoje em dia em Portugal ninguém tem dúvidas sobre isso. Apenas se näo conhecem os contornos específicos em que as coisas ocorreram».

«Classe política sai muito beliscada»

Para o antigo responsável da TVI, este caso pode levar ao fortalecimento da actividade jornalística em Portugal, porque «a circunstância de se terem tornado conhecidos alguns episódios que envergonham quem deles participou» vai acentuar como fundamentais os princípios da independência, frontalidade e transparência. Mas diz também que o processo de descoberta da verdade está inquinado «a partir do momento em que há despachos judiciais que impedem que se tornem conhecidas algumas conversas que poderiam contribuir» para essa verdade.

Ongoing: jornais de Crespo são «obsessão doentia»

«Acho que sai muito beliscada a classe política de tudo isto, nomeadamente o primeiro ministro e o Governo que liderou anteriormente, como também sai beliscado o poder judicial, porque säo muitos os ziguezagues, säo muitos os enredos em que o próprio sistema judicial se envolveu», disse José Eduardo Moniz, citado pela Lusa.

Providência ao Sol: «Governo não tem nada a ver»

Moniz afirmou ainda que saiu da TVI porque «a partir de determinada altura tinha deixado de ser possível sustentar o ambiente que se tinha gerado».

«Apercebia-me de que os acionistas da empresa estavam pressionados a vários títulos para actuar sobre a informaçäo da empresa, nomeadamente sobre um jornal específico», acrescentou.

«Näo há muito mais a contar além disso. O que houver a dizer direi sem reservas na Comissäo Parlamentar de Ética", que chamou uma série de personalidades para serem ouvidas sobre a liberdade de expressäo, disse ainda o agora responsável, com Fernando Maia Cerqueira, pela internacionalizaçäo do grupo Ongoing.

O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupçäo e outros crimes económicos relacionados com empresas privadas e do sector empresarial do Estado, tendo sido constituídos 18 arguidos.

Providência ao Sol: «Governo não tem nada a ver»
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE