Liga Europa: missões difíceis à procura de recuperar estatuto - TVI

Liga Europa: missões difíceis à procura de recuperar estatuto

Final da Liga Europa

Portugal é recordista de equipas e de treinadores e a última vez assim foi feliz, mas o sorteio aconselha cautelas para uma prova que também está cada vez mais elitista

Portugal entra nos 16 avos de final da Liga Europa em força, como há muito não se via, ainda que o sorteio não tenha sido propriamente simpático. Ninguém tem tantas equipas na fase a eliminar da Liga Europa e a última vez que isso aconteceu teve final feliz, acabou com o FC Porto a levantar a Taça. Mas eram outros tempos, numa prova que se vai tornando também cada vez mais elitista. De qualquer forma, Benfica, FC Porto, Sporting e Sp. Braga têm nova oportunidade de tentar recuperar estatuto na segunda prova da UEFA e que tem sido muito útil para a recuperação do sexto lugar no ranking da UEFA a partir de 2021/22. 

Esta temporada Portugal perdeu até agora apenas uma das equipas que começou a época europeia, o V. Guimarães, mas já começou em perda, com apenas um representante na Liga dos Campeões, e acentuou essa tendência para descolar do pelotão da frente com a eliminação das águias, deixando Portugal sem representantes na Champions em dezembro pela primeira vez em seis anos. Resta a Liga Europa.

Se a Liga dos Campeões assumiu de vez esta temporada o estatuto exclusivo que já se vinha desenhando, com os oitavos de final reservados a equipas das cinco Ligas de topo (e grandes duelos em perspetiva, já agora), a Liga Europa continua em teoria mais aberta, com 18 países representados na próxima fase. Mas chegar até ao fim é outra conversa. Na verdade, desde que o FC Porto levantou o troféu em 2011, a tal temporada que teve quatro equipas lusas na fase a eliminar, três delas nas meias-finais e uma final 100 por cento portuguesa, não voltou a haver um vencedor de um país mais periférico, apesar da presença do Benfica em mais duas finais, ambas perdidas.

Passaram mais de oito anos sobre o triunfo do FC Porto e desde então Espanha e Inglaterra têm o exclusivo de vitórias, o Sevilha por três vezes, At. Madrid e Chelsea com dois troféus cada um e o Manchester United com um. E desde 2014, quando o Benfica representou pela última vez Portugal numa final da Liga Europa, o melhor que as equipas portuguesas conseguiram foi chegar aos quartos de final. 

Ainda assim, Portugal é na última década o terceiro país mais representado em finais da Liga Europa, atrás da Espanha e da Inglaterra, as grandes dominadoras da competição nos últimos anos. Além dos dragões, com dois títulos, também Benfica, Sp. Braga e Sporting têm todos presenças em finais nos últimos 15 anos. É portanto um quarteto com pedigree aquele que enfrenta os 16 avos de final. Mas o sorteio aconselha cautelas.

Ao Benfica calhou o Shakhtar Donetsk, tricampeão ucraniano, que venceu a Liga Europa em 2008/09, naquele que será o único duelo entre equipas que vieram da Liga dos Campeões e também o único entre treinadores portugueses. O FC Porto calhou frente a outra das equipas vindas da Champions, um Bayer Leverkusen que também já tem a antiga Taça UEFA no museu, ganha em 1987/88, mas com um palmarés bem aquém dos «dragões». O Sp. Braga terá pela frente o Rangers, que está a tentar recuperar estatuto e esta época na fase de grupos empatou com o FC Porto no Dragão e venceu na Escócia por 2-0. Os escoceses, que têm uma Taça das Taças no palmarés, foram finalistas da ainda Taça UEFA em 2007/08. Ao Sporting calhou o adversário menos cotado, o Istanbul Basaksehir, mas que saiu em primeiro lugar do grupo que tinha a Roma e o Borussia Mönchengladbach, que ficou pelo caminho.

Os horários das equipas portuguesas nos 16 avos de final

Portugal também é nesta época recordista de técnicos nesta fase da prova, um total de oito, uma tendência que já não é nova. Perdeu apenas um dos treinadores que começaram a temporada europeia, Ivo Vieira com o V. Guimarães, mas três deles começaram na Champions e caíram para a Liga Europa: precisamente Bruno Lage e Luís Castro, o técnico do Shakhtar Donetsk, e ainda Pedro Martins, com o Olympiakos.

De que vale vir da Liga dos Campeões?

Mas agora há também José Mourinho, que assumiu o Tottenham e é o único treinador luso ainda em competição na Liga dos Campeões. São portanto nove treinadores portugueses, um recorde. Mourinho, de longe o mais titulado dos treinadores portugueses, voltou agora a levantar uma questão que é cíclica, ao contestar a presença nesta fase da Liga Europa de equipas que vêm da Liga dos Campeões. O treinador português venceu por duas vezes cada uma das competições e nas conquistas da Taça UEFA/Liga Europa não mudou a meio caminho: tanto em 2002/03, com o FC Porto, como em 2016/17, com o Manchester United.  Mas, na verdade, se vir da Liga dos Campeões pode acarretar outro estatuto à partida, o facto é que não tem feito assim tanta diferença em campo.

Nos últimos 20 anos, desde que a fase de grupos da Liga dos Campeões dá uma nova vida na Taça UEFA/Liga Europa, apenas oito dos vencedores tinham começado a época na Champions. Em 20 finais, quatro foram entre equipas repescadas, a última das quais o Chelsea-Benfica de 2013. E se olharmos para todos os finalistas, dá-se praticamente um empate técnico: 21 deles começaram a época na Liga Europa, 19 foram repescados.  

As vitórias portuguesas neste período, de resto, não nasceram na Liga dos Campeões. Em 2002/03, o FC Porto começou a campanha na primeira eliminatória da então Taça UEFA, quando ainda não havia fase de grupos, e foi a partir daí que avançou até levantar o troféu em Sevilha. E em 2010/11 também a equipa de André Villas-Boas entrou em campo a partir ainda do play-off da Liga Europa.

O Sporting, finalista em 2004/05, também começou na primeira ronda da ainda Taça UEFA, tal como na temporada em que chegou à meia-final, 2011/12, outro das boas campanhas das equipas portuguesas na última década.

Já as outras presenças portuguesas em finais aconteceram a partir da Liga dos Campeões: o Sp. Braga, finalista em 2010/11, foi repescado para a Liga Europa, tal como o Benfica, que perdeu a meia-final com os minhotos. E o Benfica, nas duas finais perdidas em 2012/13 e 2013/14, também tinha sido terceiro na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Continue a ler esta notícia