A/C Jesus: os riscos em Dortmund e os TGV em campo - TVI

A/C Jesus: os riscos em Dortmund e os TGV em campo

Dortmund arrasa Wolfsburgo com Raphael Guerreiro em grande

O Sporting joga o tudo ou nada na Liga dos Campeões na Alemanha, esta quarta-feira. Por isso, o Maisfutebol falou com Miguel Moreira, português de pais emigrados e que treinou os sub-19 do Borussia Dortmund. Entre eles, Pulisic e Passlack que agora jogam na equipa principal. Uma formação difícil de bater, mas não impossível. Ficam os alertas de quem sabe

O Sporting joga esta quarta-feira na Alemanha o tudo ou nada pela continuidade na Liga dos Campeões. Um grupo difícil, o F, com Real Madrid e Borussia Dortmund, no qual o adversário mais fácil parece mesmo ser o Legia Varsovia.

Na visita ao Santiago Bernabeu, em setembro, os leões estiveram perto de pontuar, tendo estado na frente do marcador com um golo de Bruno César, mas acabaram por perder por 1-2 já nos instantes finais. 

A segunda deslocação desta fase da prova acontece agora, com apenas três pontos em três jogos, e vai jogar-se no Signal Iduna Park, um dos estádios mais difíceis de jogar na Alemanha e até na Europa.

O Dortmund é um adversário temível, sobretudo no seu reduto, e em Alvalade acabou por levar a melhor por 1-2, talvez, porque o Sporting «lhe deu» a primeira parte. Dois golos nos primeiros 45 minutos, primeiro por Aubameyang e depois por Weigl. Valeu também naquela ocasião o «chuta-chuta» a reduzir, na segunda parte, mas já sem conseguir inverter o resultado.

Agora de novo Borussia Dortmund e Sporting frente a frente, mas na Alemanha e ambos a chegarem a este confronto depois de resultados menos positivos nos distintos campeonatos. Ainda assim, será o Dortmund favorito? «Talvez, mas não é impossível o Sporting ganhar.»

Quem o disse ao Maisfutebol é quem sabe: Miguel Moreira, filho de portugueses emigrados na Alemanha, antigo treinador da formação do Dortmund e que há pouco mais de um mês trocou a cidade natal para rumar com Hannes Wolf ao Estugarda, no qual é adjunto e tradutor da equipa na qual milita o «leão» Carlos Mané.

Miguel Moreira com Hannes Wolf ainda no Dortmund

Pela mão de Klopp: o treinador português do Borussia Dortmund

«Claro que jogar em Dortmund é totalmente diferente, mas mesmo em casa, onde na Liga tem 80 mil pessoas a apoiar, o Dortmund não tem obtido os resultados que esperava e tem muitos lesionados. Tudo é possível. Em Alvalade, depois do 0-2 o Sporting mostrou que é capaz de ir atrás do resultado. É certo que o Dortmund é, atualmente, uma das melhores equipas do mundo, mas num jogo tudo pode acontecer.»

Miguel Moreira acredita mesmo nisso ou diz por ser patriota? «Não. Digo porque acho que não é impossível. No futebol nada é impossível. Uma expulsão cedo, um golo cedo, pode mudar tudo. É difícil, é, mas não é impossível. O Sporting mostrou em Madrid o que pode fazer. Quase ganhava, quase pontuava», justificou.

Conhecedor do futebol do Dortmund, depois de ter «vivido» o clube nos tempos de Jurgen Klopp e também de Thomas Tuchel, Miguel Moreira não arrisca dizer qual dos ‘Dortmunds’ é mais difícil, mas elogia os jogadores que treinou nos sub-19, Pulisic e Passlack, e questionado sobre outros futebolistas a ter em conta disse nem saber especificar: «Ui, são tantos.»

«Com o Klopp ou com o Tuchel, a maneira de jogar é diferente, totalmente diferente, mas é uma equipa perigosa na mesma. Atualmente o Dortmund, apesar de ter uma equipa muito jovem, é muito bem composta. A linha defensiva é quase irrepreensível e a nível ofensivo não tem nenhum jogador que não seja de alta velocidade, um TGV.»

«O Sporting já reparou nisso em Avalade, mas em casa a equipa assumirá ainda mais a sua maneira de jogar. Há que ter bastante atenção. Não recuar muito e ter cuidado com as corridas nas costas da linha defensiva do Sporting, que é assim que o Dortmund gosta de chegar à área», alertou.

«Como quase todas as equipas que jogam no Signal Iduna Park, para ser mais fácil, o Sporting tem de esperar pelo erro do Dortmund e sair em contra ataque. Eles estão habituados a jogar com equipas recuadas, bem compostas. É assim que os adversários jogam na Alemanha com o Dortmund ou com o Bayern Munique. O Dortmund tem dificuldade em criar ocasiões com essa tática. Seria bom defender bem e atacar com uma certa agressividade, rapidez e coragem.»

O ambiente criado pelos adeptos alemães também não será fácil, mas os adeptos do Sporting costumam fazer-se ouvir. Vão estar cerca de dois mil e quinhentos contra o resto do estádio e também neste aspeto, mais uma dica: «É ver no apoio contra uma energia extra. Fazer disso uma vantagem. Eles são incansáveis, mas se o Sporting conseguir equilibrar o jogo logo no início o público pode ficar ansioso. Mas é certo, não serão mal recebidos. Nem a equipa nem os adeptos. Não vai haver má atmosfera.»

Dois dos «TGVs» do Dortmund e Raphael Guerreiro

Raphael Guerreiro e a visão de Tuchel

Com a saída de Miguel Moreira do Dortmund, Raphael Guerreiro é agora o único português no emblema alemão. O internacional chegou para ser lateral-esquerdo, mas tem jogado a médio-centro e tem surpreendido, por isso merece elogios. 

«É um excelente jogador. Chegou para ser lateral e assumiu outro espaço. Tem feito jogos sensacionais. Jogos e golos. É muito rápido, criativo e forte apesar de ser pequeno. Está a dar muita velocidade ao jogo do Dortmund», disse Miguel Moreira, que assim também elogiou Tuchel: «É um treinador super inteligente e com muita noção das capacidades de cada um. Tenta ver as qualidades e potencialidades de cada jogador e ver em que posição podem render igual ou melhor. Entendeu que era melhor como médio ofensivo e está à vista aquilo que consegue.»

«Ele não se deixa ir apenas pela posição a que o jogador está habituado a jogar ou na qual chega ao Dortmund. Ele vê nos treinos aquilo que cada um pode fazer e adapta, modifica o sistema e a posição de cada jogador se achar que pode render. Já o fez com outros. Com uns corre bem, com outros nem tanto, com o Raphael Guerreiro tem corrido», acrescentou.

Português «lá fora» que torce sempre por equipas portuguesas

Como já referido, Miguel Moreira não pertence ao Dortmund atualmente, mas foi nesta cidade alemã que sempre viveu e não esquece o clube. Ainda assim, tal como noutra ocasião já tinha dito ao Maisfutebol, tem um clube em Portugal, mas no estrangeiro torce sempre pelos compatriotas.

«A situação é a mesma, aliás diferente. Continuo ligado ao Dortmund e a ligação ainda é mais forte com a equipa principal porque estão lá jogadores que treinei, mas estou pelo Sporting. Quero e ficarei muito orgulhoso se os meus ex-jogadores fizerem boas exibições, mas continuo a torcer por equipas portuguesas. Seria ótimo para o nosso futebol, no imediato e no futuro continuarem nas competições europeias.»

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