O «Luganito escocês» chegou para ser o patrão dos leões - TVI

O «Luganito escocês» chegou para ser o patrão dos leões

Sebastian Coates (Foto: Reuters)

Chegou a ser cobiçado pelo FC Porto, em 2011, mas foi o Liverpool a resgatá-lo para o futebol inglês a troco de uma verba recorde para o Nacional de Montevideu. Aos 25 anos, o defesa-central que é apontado como sucessor de Diego Lugano cumpre o seu destino de jogar em Portugal e ruma a Alvalade. Quem o conhece garante o Sporting contratou um líder «low profile»

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Jorge Jesus pediu um «patrão» para a defesa e, desta vez, o Sporting conseguiu satisfazer os desejos do seu treinador e evitar que um reforço que em 2011 até já foi cobiçado pelo FC Porto se desviasse da rota de Alvalade.

Sebastián Coates, 17 vezes internacional pelo Uruguai, é o mais recente reforço do Sporting e foi apresentado na quinta-feira. Chega por empréstimo do Sunderland, até ao final da época, com opção de compra por cinco milhões de euros e quem o conhece diz que vem para liderar a defesa dos leões.

«O Sporting contratou um grande jogador. Um jogador muito alto e forte fisicamente… Um verdadeiro patrão da defesa. É forte na marcação, mas também é um central moderno, veloz, inteligente e capaz de sair com a bola a jogar», explica ao Maisfutebol João Carlos Teixeira, jovem médio português do Liverpool, que foi companheiro de equipa de Coates em Anfield Road e que se desfaz em elogios ao uruguaio de 25 anos, que no seu país é apodado de Luganito – por haver quem no veja como sucessor de Diego Lugano.



«Acho que ele está pronto para o Sporting e para a exigência que Jorge Jesus vai colocar-lhe, que de certeza que não é maior do que cá no futebol inglês. Até acho que em Portugal, num futebol mais parecido do que o sul-americano, ele terá mais facilidades em adaptar-se. No entanto, acho que se ele não vingou no Liverpool não foi tanto pela pressão a que foi sujeito, mas porque era jovem e entretanto [no início da época 2013/14] teve uma lesão grave no joelho», recorda João Carlos Teixeira, confessando que há duas semanas reencontrou o ex-colega de equipa numa festa. Apesar do ambiente, recorda, ele mantém-se sempre «muito tranquilo, no seu canto».
Dentro de campo, é diferente. Aí, Coates deixa o low profile de lado e assume o papel de comandante dentro das quatro linhas.

Dez vezes mais caro do que Luis Suárez
Sempre foi assim, lembra ao Maisfutebol Daniel Enriquez, ex-coordenador para o futebol jovem e antigo diretor-desportivo do Nacional de Montevideu, que avalizou a contratação de Coates pelos bolsilludos quando ele ainda era um jovem de 13 anos:

«Chegou cá como volante, médio que atuava na posição 8 do meio-campo, mas era mais alto do que todos os miúdos da sua idade e quando o contratámos já sabíamos que ia dar defesa-central. No entanto, como boa parte dos miúdos, ele queria jogar mais na frente e não lhe dissemos logo os nossos planos para ele.»
Nessa altura, Coates já se distinguia entre os demais, não só pela estatura. Era um gringo, com origens escocesas, um rapaz de classe média, «bem formado e culto».

Os seus pais trabalham na Universidade de la República, a maior e mais antiga do país (fundada em 1849), com mais de cem mil estudantes, pelo que não é de estranhar que o futebol não fosse prioridade para o futuro de Sebastián.
«Ao contrário de muitos miúdos pobres que surgiam no Nacional, o Sebástian não via o futebol como a única saída para a sua vida. Dava, naturalmente, primazia aos estudos, até que começou a ser chamado às seleções uruguaias e passou a encarar mais a sério um futuro como profissional de futebol. Antes de ser um excelente jogador, ele já era o projeto de bom profissional. Um rapaz educado, pacato, mas um líder: gente simples e bom companheiro.»

De acordo com Enriquez, agora diretor da federação do seu país ( Asociacion Uruguaya de Futbol) «Coates foi o líder da sua geração no Nacional».



Antes de rumar a Inglaterra, onde não vingou no Liverpool (entre 2011 e 2014) nem tão-pouco no Sunderland, em que fez pouco mais de três dezenas de jogos em época e meia, Coates já uma das maiores promessas do futebol uruguaio.

Foi capitão de equipa e campeão em todos os escalões pelo Nacional e aos 18 anos já se estreava na equipa principal do gigante de Montevideu, onde fez quase uma centena de jogos entre 2009 e 2011, tendo sido por duas vezes campeão uruguaio e chegado às meias-finais da Taça Libertadores. Além disso, tornou-se estreou-se na seleção celeste, pela qual venceu a Copa América de 2011, em que foi eleito como o melhor jogador jovem da prova.

Daí veio o interesse do FC Porto e do Liverpool, que pagou 8 milhões de euros aos uruguaios. Um recorde na época para o seu clube, recorda o ex-diretor-desportivo do Nacional: «Não estávamos mal financeiramente, podíamos esperar pela melhor proposta e fizemos um contrato histórico. Para terem uma ideia, uns anos antes (em 2006) vendemos para o futebol holandês (Groningen) o Luis Suárez por um valor dez vezes inferior…»

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