«Eu consegui deixar de fumar» - TVI

«Eu consegui deixar de fumar»

Tabaco [arquivo] - Foto Lusa

«Escravos do tabaco», chegavam a sair da cama de noite para comprar cigarros e ficavam nervosos só de pensar que não podiam fumar. Um dia, tudo mudou. Três ex-fumadores contam ao PDiário como largaram o vício. Conheça as histórias e os truques

Fernando Souto considera que o feito de maior valor que conseguiu na vida foi deixar de fumar. O vício do tabaco acompanhou-o durante mais de metade da vida. Durante 21 anos foi «escravo da nicotina», contou ao PortugalDiário.

«Fumei desde os 14 anos. Claro que comecei para mostrar aos meus amigos que era homem. E assim fiquei escravo do cigarro», explicou. Depois, foram 13 anos de vício, até que conseguiu parar. «Fumei até aos 27 anos, quando deixei durante 2 anos, mas por ser burro e achar que aliviava o stress fumei só um e fiquei de novo escravo».

Fernando Souto é polícia e na altura tinha concorrido a sub-chefe. «Aguardava com ânsia os resultados», a nicotina ajudava. «Peguei de estaca», brinca. Mas a verdade é que foram mais oito anos em que o cigarro tinha de estar sempre presente. «Na altura em que deixei de fumar fumava 4 a 5 maços de tabaco por dia. Diz quem me conhecia que a única imagem que tinham de mim era de cigarro na boca», adianta.

A vida de Fernando Souto era regida pelo tabaco. «Era tão agarrado que durante a noite acordava para ir à casa de banho e se me deitasse e só tivesse 3 ou 4 cigarros, não conseguia dormir pois podia querer fumar durante a noite e eles não chegarem». A ansiedade era tal que se levantava «e ia à bombas de gasolina comprar tabaco. Cheguei a fazê-lo às 3 e 4 da manha».

Saber que não iria poder fumar era complicado. «Nas viagens, tomava calmantes e dormia a viagem toda, senão dava-me um ataque de nervos. Odiava reuniões, viajar... tudo que me impedisse de poder fumar quando o desejasse».

Fernando Souto conta que tentou parar de fumar por várias vezes «sem ajuda médica, mas não deu em nada». «Cheguei a estar 24 horas sem fumar, mas ao fim desse tempo percebi que não conseguia. Até tive tonturas», conta. Depois, o corpo quis compensar a falta de nicotina. «Fumei 4 cigarros seguidos e nenhum fumo expelido, ficou tudo dentro».

Tudo terminou quando encontrou um anúncio sobre um tratamento com laser, que ajudava a fazer passar o vício, e com um ultimato dos filhos: «Papá, se realmente gostas de nós, deixa de fumar».

Fernando Souto estava céptico, mas marcou a consulta. «Fui mesmo convencido de que não iria deixar de fumar». Mas acabou por mudar de opinião. «Entrei no consultório às 10H30 do dia 6 de Outubro de 2004. E nunca mais fumei».

Por isso, Fernando Souto é peremptório: «Posso afirmar que na minha vida consegui muitos feitos, mas o de maior valor foi o ter deixado de fumar. Deixei de ser escravo da nicotina». E a vontade de fumar, não voltou? «Claro que sim, mas convenci-me de tal forma, que hoje posso afirmar que jamais meto um cigarro na boca».

«O cigarro deixou de me saber bem»

Foram questões de saúde que levaram Maria João Quintela, de 31 anos, a deixar de fumar. «Tinha problemas nas cordas vocais e o tabaco não ajudava. Quando soube que ia ser operada, o médico sugeriu reduzir. Eu deixei logo no dia seguinte».

Maria João Quintela era fumadora desde a adolescência. Quando parou, fumava meio maço por dia, «mas se tivesse exames ou noitadas» este número duplicava.

Conseguiu parar sem ajuda médica, bastou força de vontade e «o cigarro deixou de saber bem», explicou. Revela ainda uns truques que a ajudaram: «Muita água e rebuçados». «Mesmo assim, os primeiros meses foram difíceis. Por vezes tinha vontade», conta. Mesmo agora, cinco anos depois, «sei que se pegar num cigarro só, volto a fumar», diz.

«A ansiedade era muita»

Paulo Cruz tem 38 anos e fumou durante 22. Tinha a tensão arterial alta, um dia sentiu-se mal e «assustou-se» Resolveu deixar de fumar. Não demorou a passar da decisão à prática. De repente, não comprou mais tabaco.

«Pensei que ia custar menos», conta. «No primeiro ano, o corpo pedia nicotina», explicou Paulo Cruz que, além dos efeitos físicos, também viveu sintomas psicológicos: «A ansiedade era muita». Agora, passados dois anos, habituou-se e até o incomoda o fumo do tabaco.
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