Sp. Covilhã-Benfica: já há quem corra «para» o estádio - TVI

Sp. Covilhã-Benfica: já há quem corra «para» o estádio

Complexo Desportivo da Covilhã

Reportagem Maisfutebol na Cova da Beira

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Sp. Covilhã e Benfica só entram em campo às 19h45, e, por isso, o ambiente na cidade beirã não é, por agora, diferente de outras numa manhã de sábado. Junto ao estádio em que se realiza o jogo já há alguns adeptos, mas nada como antigamente, em que «chegavam senhoras de calças, lisboetas, portanto», para estranheza dos locais. O clube é uma das instituições que marca a Covilhã e é fácil ver espaços ligados aos verdes e brancos que historicamente até têm boas relações com o Benfica.

Os encarnados ficaram a estagiar numa zona mais alta da cidade, enquanto o Sp. Covilhã vai almoçar num hotel mesmo junto ao Complexo Desportivo. É tão perto que a foto que ilustra este artigo foi tirada de um dos quartos.

Há muita gente que tem passado junto ao recinto, outras pessoas aproveitam para correr, fazer um jogging matinal como noutro local, numa outra cidade. Mas percebe-se que o número de pessoas aumenta, que já há barracas com comida e que mesmo aqueles que não param dão a volta de carro ou bicicleta para matar a curiosidade.

Afinal, o acontecimento é grande. A visita do campeão nacional.

O Maisfutebol já falou com Fernando Pires, o autor do golo covilhanense na final da Taça de Portugal, e com o historiador do clube, João de Jesus Nunes. São eles que lembram os tempos mais antigos.

«Quando vinha cá um grande, vinham comboios especiais. E autocarros. Eram dezenas de autocarros. Chegava-se à Covilhã e via-se autocarros por aí fora, era incrível.»

As pessoas também eram diferentes, como era a cidade. A Covilhã viveu da indústria de lanifícios durantes anos. «Os jogadores que aqui passavam no final das carreiras iam trabalhar nas fábricas», conta João de Jesus Nunes. Fernando Pires confirma e nomeia uma série deles.

Hoje, a Universidade da Beira Interior, a UBI, dinamiza a cidade serrana, que muda muito na altura das férias. Ou seja, a população diminui, com os mais novos a partirem e a só voltarem para o ano letivo seguinte.

Ainda assim, esse tipo de juventude é uma marca da Covilhã, por isso não é de estranhar agora que as mais recentes modas sejam vistas nas roupas e na pele dos universitários.

Antes, quando os grandes visitavam a Covilhã, era um mundo diferente, como conta Nunes. «Devido à indústria têxtil, as pessoas vestiam fato e gravata, as senhoras saias. Lembro-me de que as alturas em que se via senhoras de calças era quando o Sporting e o Benfica vinham cá jogar. Eram lisboetas, portanto!»

O Benfica sempre foi um clube «bem recebido», porque as relações «eram boas, talvez até melhores do que com o Sporting», a casa-mãe.

Na história dos dois emblemas, há algumas trocas de jogadores. Nomes como Domiciano Cavém e César Brito fizeram história de águia ao peito, «mas o Benfica colocou cá mais jogadores, mais até do que o Sporting», conta João de Jesus Nunes.

Este adepto dos dois Sporting conta mesmo um episódio em que os leões se deslocaram até à Cova da Beira para um particular e que terminou com os dirigentes serranos aborrecidos: «o Sporting não trouxe jogadores suficientes e teve de jogar o motorista!»

Neste sábado, nenhum condutor de autocarro entrará em campo (para jogar, pelo menos), nem do lado do Sp. Covilhã, nem do lado do Benfica.

E enquanto se preparam almoços junto do parque de estacionamento do estádio, o Sp. Covilhã faz um ligeiro treino. À vista de toda a gente. Há coisas que, de certeza, ainda não mudaram pela Cova da Beira. Pelo menos, algumas moda futebolísticas.
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