Benfica-Sporting a dobrar na Taça: golos, Violinos, «Altafinis» e reviravoltas - TVI

Benfica-Sporting a dobrar na Taça: golos, Violinos, «Altafinis» e reviravoltas

Benfica-Sporting

É preciso recuar mais de meio século para recordar eliminatórias entre os dois a duas mãos. Com vantagem do leão e um único nulo em toda a história dos dérbis de Taça

Dérbi de Taça de Portugal é promessa de golos, ainda que este seja diferente, uma meia-final a duas mãos e com tanto em jogo. Ainda para mais, o 2-4 do Sporting-Benfica de domingo para a Liga elevou muito a fasquia. Resta esperar para ver se o dérbi desta quarta-feira na Luz está à altura da história. Antes de mais, é algo raro. É preciso recuar mais de meio século para recordar eliminatórias de Taça entre os dois a duas mãos. Ao lá chegar, encontramos muitas memórias e uma tendência curiosa para reviravoltas.

No total foram até hoje 35 duelos para a Taça de Portugal. A vantagem é do Sporting, que ganhou 18 desses jogos, contra 15 vitórias do Benfica e apenas dois empates. Ainda que seja o Benfica quem sai mais vezes por cima quando o troféu está em jogo. Em oito finais, seis foram ganhas pelas águias, com dois triunfos dos leões. Nestes 35 jogos marcaram-se 134 golos (72 para o Sporting e 62 para o Benfica), o que dá a notável média de 3.8 por jogo.

O primeiro duelo de Taça de Portugal aconteceu em 1942, um triunfo do Sporting por 4-0 para os quartos de final. A primeira final chegou dez anos mais tarde e é até hoje a final com mais golos e recordada como a mais extraordinária final de sempre. Foi a 15 de junho de 1952 e teve reviravoltas, emoção até ao fim e um herói: Rogério Pipi, autor de um «hat trick» e do golo sobre a hora que selou a vitória do Benfica naquele 5-4 épico. Ele já falou com o Maisfutebol sobre aquela tarde no Jamor: «Ganhámos nós 5-4, mas se tivesse ganho o Sporting também estava bem.» Recorde aqui.

Vantagem do Sporting também a duas mãos

Os duelos entre ambos a duas mãos, como aquele que começa a decidir-se nesta quarta-feira, eram até aqui coisa do passado. Também aí o Sporting tem vantagem: ganhou quatro dos cinco confrontos. Com a curiosidade de em três deles o jogo ter virado na segunda mão. Histórias de Violinos, «Altafinis» e reviravoltas.

A primeira vez foi em 1944/45 e não foram dois, mas três jogos para decidir a meia-final. O primeiro foi no Lumiar, casa do Sporting, e o Benfica venceu por 2-1: marcaram Alcobia e Julinho na primeira parte, antes de Jesus Correia ter reduzido para o Sporting. Na segunda mão o leão deu a volta: um bis de Peyroteo e mais um golo de Jesus Correia, golos de Espírito Santo e Francisco Ferreira para o Benfica e um 3-2 que levaria a terceiro jogo. Voltou-se ao Lumiar e aí um golo de Albano acabou com o assunto. O Sporting seguiu para a final, onde venceu o Olhanense.

Voltaram a encontrar-se a duas mãos que foram três em 1954, então para os oitavos de final. O Estádio Nacional recebeu os dois primeiros e o Sporting começou a vencer por 3-2, com golos de Galileu, Travassos e Mendonça. Arsénio e Francisco Calado marcaram pelo Benfica. No segundo jogo ganharam as águias por 2-1, apesar de o jogo praticamente ter começado com um autogolo de Francisco Calado. Salvador Martins e Arsénio fizeram os golos do Benfica. E ao terceiro jogo, aí na Tapadinha, voltou a dar Sporting: 4-2 com selo de três dos cinco Violinos que restavam em Alvalade. O Benfica também marcou primeiro, num golo de Arsénio no primeiro minuto, depois Travassos, Vasques e Albano deram a volta. João Martins fez o quarto do Sporting e pelo meio ainda bisou Arsénio, que é ainda hoje o melhor marcador do Benfica na Taça, com seis golos: pelo Sporting é Peyroteo, com cinco. Foi uma época de sonho para o leão, que conquistou o tetracampeonato e ainda venceu a final da Taça de Portugal, frente ao V. Setúbal.

Um único nulo nos duelos de Taça

O duelo seguinte a duas mãos aconteceu em 1958/59 e terminou com a única vitória do Benfica. Também com reviravolta. O Sporting venceu o primeiro jogo por 2-1, no então novo Estádio de Alvalade, e na segunda mão o Benfica virou a meia-final, com um triunfo por 3-1. O Benfica chegou à final, onde venceria o FC Porto.

Foi logo na época seguinte, 1959/60, que voltaram a encontrar-se nas meias-finais e foi o confronto mais desnivelado. A vitória do Sporting na primeira mão, por 3-0, deixou os leões com uma vantagem confortável, que não desperdiçou na segunda mão. Na Luz o jogo acabou 0-0. Foi o único nulo até hoje na história dos duelos de Taça entre Sporting e Benfica.

Só houve mais um empate e foi épico: em 2005, um 3-3 eletrizante para os oitavos de final, decidido nos penáltis a favor do Benfica. Um jogo marcado por um golo do outro mundo de Paíto, que também já recordou esse momento no Maisfutebol.

O último dérbi de Taça a duas mãos foi em 1962/63. E também teve reviravolta e um protagonista especial. Depois de um golo de José Águas ter dado vantagem ao Benfica na primeira mão, em Alvalade, Ernesto de Figueiredo decidiu na Luz a segunda mão, com um bis. O Altafini de Cernache, ele explica aqui: «O Benfica foi à final dos Campeões Europeus com o AC Milan, perdeu 1-2 e o Altafini marcou os dois golos. Na semana seguinte jogámos com o Benfica em Alvalade para a Taça de Portugal. Tínhamos perdido 0-1 na Luz e ganhámos 2-0 com dois golos meus. Um jornalista de A Bola, que foi viver para a Bélgica, deu-me essa alcunha de Altafini de Cernache por ter marcado dois golos, como o brasileiro do Milan fizera.»

Passou mais de meio século até voltar a haver um duelo de Taça a duas mãos entre os dois rivais, como acontecerá esta quarta-feira. E só voltaram a defrontar-se por uma vez nas meias-finais. Foi em abril de 2008, então em jogo único, e foi memorável: 5-3 para o Sporting, uma noite incrível em Alvalade que começou com Rui Costa e Nuno Gomes a adiantarem o Benfica, antes de Yannick Djaló abrir caminho à reviravolta do leão. Marcou um, pelo meio ainda marcaram Liedson e Derlei, Cristián Rodriguez empatou para o Benfica, Yannick voltou a marcar e Simon Vukcevic fixou o resultado final. Recorde aqui como foi.

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