Taça: Arouca-V. Guimarães, 0-0 (6-7 após gp) (crónica) - TVI

Taça: Arouca-V. Guimarães, 0-0 (6-7 após gp) (crónica)

Vitória tira bilhete na lotaria

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*por Rui Santos

Sorte madrasta para uns, uma autêntica lotaria para outros, a decisão por grandes penalidades torna-se num momento tenso, que tanto valida uma boa exibição como serve de escape a um jogo sofrido. Em Arouca, a equipa da casa foi superior durante grande parte do encontro, atacou e rematou bem mais do que o adversário, mas acabou derrotada pelo V. Guimarães nos penáltis. Uma crueldade tremenda para os arouquenses, que se despedem da Taça de Portugal sem glória, mas com a honra intacta. Ao Vitória, salvou-se o apuramento, com a certeza de que a fortuna não sorrirá sempre.

O Arouca não demorou a mostrar ao que vinha no jogo com o Vitória. Logo aos 2 minutos, Adílio anteviu o erro de Bruno Varela, recuperou a bola à entrada da área vimaranense e rematou de pronto, mas a bola saiu por cima da baliza. Na resposta, Jorge Fernandes, após um canto batido por Ricardo Quaresma, cabeceou torto, num dos raros lances de perigo na área arouquense durante os primeiros 45 minutos.

Sem preconceitos por estar a defrontar um adversário de um escalão superior, o Arouca ia construindo o seu jogo a partir da sua área, com Marco Soares a baixar para formar uma linha de três defesas com João Basso e Brunão, permitindo aos laterais, Thales e Quaresma, sobretudo este, projetarem-se com critério no ataque.

O perigo ia rondando a baliza de Varela. Primeiro foi Adílio, de cabeça, a fazer passar a bola perto do poste. À meia hora, André Silva puxou o pé atrás, mas o remate foi bloqueado por Mumin. Instantes depois, Quaresma encarou Ouattara e rematou de forma repentina para defesa apertada do guardião do Vitória. Até aí desaparecido no ataque, o conjunto de Guimarães rematou pela primeira vez à baliza adversária aos 32 minutos, por Bruno Duarte, com Fernando Castro, atento, a desviar para fora.

Em cima do intervalo, Bukia atirou cruzado, com a bola a sair perto do poste. No lance seguinte, Ouattara acabaria expulso, por falta sobre Quaresma, deixando os vitorianos ainda mais desconfortáveis no jogo.

Se a tentação de mudar alguma coisa ao intervalo seria considerável, tendo em conta a apatia geral, em desvantagem numérica João Henriques viu-se obrigado a reformular uma equipa até então perdida em campo. Recuou Rochinha para lateral direito e Ricardo Quaresma ficou no balneário, entrando para o seu lugar Maddox. Foi a forma que o técnico encontrou para mostrar aos seus atletas que o jogo não estava para grandes preciosismos e que ao Vitória, bem mais do que fantasia, faltava um toque realismo para conseguir contrariar um adversário com qualidade e que estava confiante no jogo.

O arranque da segunda parte foi bem mais maçudo do que aquilo que se tinha visto até então, “culpa” da mudança no chip vimaranense e da natural quebra de ritmo dos locais, que procuraram manter o domínio mas sem tanta vertiginosidade no ataque à baliza. O primeiro lance de perigo surgiu na área vitoriana, mas Pedro Moreira, em boa posição, demorou a decidir-se pelo remate e permitiu o corte a Jorge Fernandes. O central do Vitória não era apenas precioso a defender. Numa subida ao ataque, cruzou com o pé esquerdo (leu bem, não é gralha) para a cabeça de Bruno Duarte, mas o avançado brasileiro atirou ao lado. Por falar em centrais perigosos no ataque, João Basso, de muito longe, também obrigou Bruno Varela a aplicar-se.

Do banco vitoriano foram saltando alguns credenciados, como André André eMarcus Edwards, mas foi a entrada do médio português que deu mais rotação, e por conseguinte um maior controlo das operações, aos forasteiros, que quase marcaram aos 78 minutos. André Almeida, solto na pequena área, cabeceou ao lado.

Os minutos iam passando, o espectro do prolongamento começava a pairar sob o Municipal de Arouca, mas ainda houve tempo para mais uma oportunidade flagrante. Já no tempo de compensação, Bukia fugiu pela esquerda, cruzou para o coração da área e a bola sobrou para Blondell, que, pouco espedito, permitiu a mancha do destemido Varela.

O prolongamento só não foi um mero formalismo que antecedeu as grandes penalidades porque Maddox, bem perto do fim, atirou com estrondo à barra da baliza de Fernando Castro. Seria uma injustiça tremenda para o Arouca por tudo o que mostrou durante o tempo regulamentar.

Os penáltis ainda ameaçaram tornar-se numa rábula quando Sílvio desperdiçou o remate que daria a vitória aos vimaranenses (Leandro já tinha falhado pelo Arouca). No entanto, à 16.ª tentativa, Blondell atirou para a defesa de Varela, que selou a passagem ao V. Guimarães para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. Pelo que se viu durante mais de 120 minutos, só mesmo desta forma o Vitória lá ia.

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