Taça: V. Setúbal-Vizela, 0-2 (crónica) - TVI

Taça: V. Setúbal-Vizela, 0-2 (crónica)

Vitória de Setúbal-Vizela (RUI MINDERICO/LUSA)

Bonfim revisitou a história de outras tardes, e só por isso já valeu a pena

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Não deixa de ser um sinal dos tempos curioso: o histórico Vitória de Setúbal, clube tantos craques, de tantas vitórias e de tantas memórias, transformado em equipa pequena, perante um Vizela que agora habita o aquário dos peixes grandes e que naturalmente impôs a sua robustez.

O Estádio do Bonfim, esse, recordou tardes antigas, num jogo com cheiro a comemoração de quando era palco de elegantes desfiles. Infelizmente para ele, não deu para mais do que isso, para mais do que recordar tempos passados: este Vitória atual não tem a pujança que lhe deu nome.

Por isso o Vizela ganhou, e ganhou bem.

Mesmo sem fazer um grande jogo, longe disso, a equipa de Álvaro Pacheco impôs naturalmente distâncias e mostrou qualidade nas pequenas coisas, para construir uma vitória tranquila.

Não foi preciso mais do que imprimir alguma velocidade na construção, com a bola a chegar ao centro do terreno e rapidamente circular para os flancos, ora à direita, ora à esquerda, para deixar os jogadores do V. Setúbal desarrumados, confusos e desordenados. Muitas vezes surpreendidos.

Os extremos Nuno Moreira, à esquerda, e Alex Mendez, à direita, acabaram por isso por ser dos melhores em campo, sempre muito em jogo a criar desequilíbrios, sendo que o primeiro assistiu os dois golos iniciais, enquanto Alex Mendez marcou o primeiro e deu início à jogada do segundo.

Álvaro Pacheco até aproveitou este jogo para dar minutos a jogadores menos utilizados, dos onzes apresentados nas últimas jornadas só manteve os centrais Bruno Wilson e Ivanildo Fernandes, mais o extremo Nuno Moreira, mas a equipa deu ainda assim a resposta suficiente para ser melhor.

Tudo isto, refira-se, perante um V. Setúbal brioso, esforçado e corajoso, que quis fazer justiça ao nome e nunca se encolheu. Pelo contrário, olhou o Vizela nos olhos e dividiu o jogo taco a taco, jogou em todo o campo e conquistou até um claro domínio territorial na segunda parte.

Foi, portanto, um Vitória destemido e valente que enfrentou esta eliminatória, não lhe faltando vontade, agressividade e otimismo em tudo o que fez. Só lhe faltou aquilo que o Vizela teve quando foi necessário e que fez a diferença: velocidade e criatividade no último terço para desequilibrar.

Praticamente só no quarto de hora final obrigou o guarda-redes Ivo a brilhar.

No fim de contas, portanto, deu para ver que Kamo-Kamo é um extremo esquerdo rápido e incisivo, ele que fez o remate mais perigoso da equipa, já na segunda parte, deu para ver que Bruno Ventura é um médio centro sempre muito presente em todo o jogo e deu para ver que o Vitória tem um grupo cheio de vontade. Os sócios reconheceram isso e aplaudiram a equipa no fim de tudo. Esta disposição vai dar-lhe jeito na difícil Liga 3.

A aventura da Taça acaba para ele por aqui, o que é natural: o Vizela foi melhor.

Ficha de jogo

Estádio do Bonfim, em Setúbal
Assistência: 1540 espectadores

Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)
Assistentes: Bruno Jesus e Hugo Ribeiro
Quarto árbitro: José Rodrigues

V. SETÚBAL: João Valido; Mano, Bruno Bernardo, François e Nuno Pinto (Daniel Martins, 82m); Murilo (Pedrosa, 46m), Bruno Ventura e Robson (Gonçalo Batista, 75m); Varela, Bruno Luz (Mendy, 46m) e Kamo-Kamo (Rodrigo Pereira, 82m).
Suplentes não utilizados: Duverger e Bruno Almeida.
Treinador: António Pereira.

VIZELA: Ivo; Igor Julião, Bruno Wilson, Ivanildo Fernandes e Ofori; Raphael Guzzo (Marcos Paulo, 60m), Samu e Tomás Silva (Zag, 60m); Alex Mendez (Cann, 60m), Cassiano (Schettine, 13m) e Nuno Moreira (Kiki, 88m).
Suplentes não utilizados: Baldé e Aidara.
Treinador: Álvaro Pacheco.

GOLOS: Alex Mendez (28m) e Schettine (38m).

Disciplina: Cartão amarelo a Bruno Bernardo (53m), Mano (57m), Cann (63m) e Ivo (84m).

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