Campo magnético da Lua durou mais tempo do que se pensava - TVI

Campo magnético da Lua durou mais tempo do que se pensava

  • AM
  • 9 ago 2017, 20:09
Eclipse total da Superlua

Estudo diz que essa duração pode ter implicações para a vida e a possível habitabilidade de outras luas ou planetas

O campo magnético da Lua durou mais tempo do que se pensava, o que pode ter implicações para a vida e a possível habitabilidade de outras luas ou planetas, conclui um estudo divulgado esta quarta-feira.

Segundo o estudo, divulgado na edição digital da publicação científica Science Advances, o campo magnético lunar durou mais mil milhões a 2,5 mil milhões de anos do que se julgava.

Atualmente, a Lua, ao contrário da Terra, não tem campo magnético, um 'escudo' contra a radiação solar.

Investigadores da Universidade de Rutgers e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, chegaram ao intervalo temporal ao aquecerem uma rocha lunar recolhida pela missão espacial Apollo 15, em 1971.

Com este procedimento, conseguiram recuperar com precisão a intensidade do campo magnético lunar. Os planetas e as luas geram no seu núcleo campos magnéticos e as rochas destes corpos celestes podem ficar com o registo dos campos magnéticos aos quais foram expostos.

O campo magnético da Terra protege o planeta de radiação ionizante e do vento solar. Sem este 'escudo', a Terra teria mais radiação e a vida, tal como se conhece, seria eventualmente diferente ou simplesmente não existiria.

"Quem sabe como a vida responderia a um ambiente tão instável como este, [a Terra] seria um sítio mais inóspito para se sobreviver", assinala a autora principal do estudo, Sonia Tikoo, da Universidade de Rutgers, citada em comunicado pela instituição.

A investigadora reanalisou a pequena rocha lunar, que se terá formado na sequência de um impacto de um meteoro na superfície da Lua, com um magnetómetro (instrumento para medir a intensidade, direção e sentido de campos magnéticos).

Primeiro, desmagnetizou lentamente a rocha para chegar à sua magnetização original, aquecendo-a a 780ºC numa câmara com atmosfera controlada, para evitar que o calor alterasse as propriedades da rocha.

A equipa científica pensa que o campo magnético da Lua diminuiu cerca de 90% em relação ao seu ponto mais alto (há 3,56 mil milhões de anos, nesta altura o campo magnético lunar tinha quase a mesma força que o da Terra atualmente).

A rocha lunar examinada, que terá entre mil milhões e 2,5 mil milhões de anos, possuía uma intensidade magnética dez vezes inferior à de há 3,56 mil milhões de anos.

Quando o campo magnético de um planeta morre, como sucedeu com Marte há quatro mil milhões de anos, partículas ionizantes da sua estrela podem levar à perda de água, elemento fundamental para a vida, durante centenas de milhões de anos, sublinha Sonia Tikoo.

"Sempre que olhamos para exoplanetas [planetas fora do Sistema Solar] e para as luas de exoplanetas que podem estar na zona habitável [região em redor de uma estrela onde o nível de radiação permitiria haver água líquida na superfície de um planeta], podemos considerar o campo magnético como uma importante peça na habitabilidade", defendeu a cientista.

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