Universidade de Oxford e AstraZeneca vão retomar ensaios clínicos da vacina contra a covid-19 - TVI

Universidade de Oxford e AstraZeneca vão retomar ensaios clínicos da vacina contra a covid-19

  • Bárbara Cruz
  • MM - Atualizada às 17:35
  • 12 set 2020, 14:56
AstraZeneca

Regulador britânico autorizou reinício dos ensaios por considerar que são seguros

A universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca anunciaram este sábado em comunicado que vão retomar os ensaios clínicos da vacina contra a covid-19, que tinha sido suspensos no dia 6 de setembro no Reino Unido, depois de um voluntário britânico ter sofrido uma reação adversa grave. 

A universidade refere que a pausa foi uma "medida de precaução".

Num comunicado citado pela Bloomberg, Oxford informa que o regulador britânico recomendou o reinício dos ensaios depois de ter sido feita uma revisão independente dos dados que levaram à paragem. A universidade recusou revelar mais detalhes sobre a doença do participante.

O comité do Reino Unido concluiu as suas investigações e recomendou que os ensaios clínicos são seguros e podem ser retomados", refere a nota.

Sabe-se que o voluntário desenvolveu uma síndrome inflamatória da espinal medula, que pode manifestar-se através de sintomas como febre, fraqueza muscular, perda de sensibilidade e disfunção autonómica. A mielite transversa pode ainda provocar fortes dores de costas e, em casos extremos, a paralisia. 

Num comunicado de hoje, a Universidade de Oxford indicou que as provas da vacina, denominada ChAdOx1 nCoV-19 e que é desenvolvida em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca, são retomados no Reino Unido após uma pausa no passado dia 06 de setembro, como medida de precaução.

Esta possível vacina, considerada uma das mais avançadas das que se desenvolveram em todo o mundo, está nas fases finais dos ensaios clínicos, antes de receber a autorização dos organismos reguladores para proceder à imunização da população.

Em finais de agosto, a UE fechou “um primeiro contrato” com a farmacêutica britânica AstraZeneca que garantia o acesso a 300 milhões de doses da vacina, pelo que a suspensão dos ensaios provocou um motivo sério de preocupação em todo o mundo.

No documento para dar conta da retoma dos testes, a universidade indica que cerca de 18.000 pessoas receberam esta vacina em estudo, como parte dos ensaios clínicos, e que, em testes tão amplos como estes, é esperado que algum dos participantes se possa sentir mal.

Cada caso deve ser avaliado cuidadosamente” para garantir a segurança da vacina, acrescenta o comunicado da Universidade de Oxford, que não especificou a data da retoma dos ensaios.

As provas clínicas no Reino Unido recomeçarão após a conclusão do processo de revisão independente.

Não podemos revelar a informação médica sobre a doença (do voluntário) por razões de confidencialidade do participante”, explica a universidade no seu comunicado.

Estamos comprometidos com a segurança dos nossos participantes ao mais alto nível de conduta nos nossos estudos e seguimos de perto a segurança” da vacina, acrescenta o documento.

A potencial vacina, que apresentou resultados promissores nos primeiros ensaios, estava a ser submetida a provas clínicas no Reino Unido, Estados unidos da América, Brasil e África do Sul.

No mês de agosto, os governos da Argentina e México, assim como a fundação mexicana Slim, chegaram a acordo com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford para fabricarem a vacina para os seus países e distribuírem depois para o resto da América Latina, exceto o Brasil.

O Presidente da Argentina, Alberto Fernández, informou em agosto que o objetivo era elaborar entre 150 e 250 milhões de doses que estariam disponíveis a preços acessíveis, com um custo individual entre os três e quatro dólares.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 916.372 mortos e mais de 28,5 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.855 pessoas dos 62.813 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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