Relatório da ONU diz que "super tempestades" podem afetar 280 milhões de pessoas até 2100 - TVI

Relatório da ONU diz que "super tempestades" podem afetar 280 milhões de pessoas até 2100

  • SL - Atualizada às 16:47
  • 29 ago 2019, 14:37
Cheias no Japão

Novo documento aponta para consequências dramáticas das alterações climáticas, caso as tendências atuais se mantenham no sentido de o aquecimento global poder chegar aos três ou quatro graus

A subida do nível das águas do mar, em consequência do aquecimento global, pode fazer 280 milhões de deslocados, segundo um relatório preliminar científico que a ONU divulga em setembro.

O relatório preliminar da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado pela agência France Press, é da responsabilidade do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC na sigla original), cuja versão final será divulgada em setembro.

Com o aumento da frequência dos ciclones, diz o documento, muitas grandes cidades podem ser inundadas todos os anos a partir de 2050.

E até ao fim do século as previsões do relatório é que 30 a 99% do terreno permanentemente congelado (permafrost) deixe de o ser, libertando grandes quantidades de dióxido de carbono e de metano.

Ao mesmo tempo, os fenómenos resultantes do aquecimento global podem levar a um declínio constante da quantidade de peixe, um produto do qual muitas pessoas dependem para se alimentar.

O relatório vai ser discutido pelos representes dos países membros do IPCC, que se reúnem no Mónaco a partir de 20 de setembro, por alturas da cimeira mundial sobre o clima em Nova Iorque, marcada para 23 de setembro pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

O objetivo é alcançar compromissos mais fortes dos países para reduzir as suas emissões de dióxido de carbono, que caso se mantenham no ritmo atual farão subir as temperaturas de 02 a 03 graus celsius até ao fim do século.

Especialistas temem que a China, Estados Unidos, União Europeia e Índia, os quatro principais emissores de gases com efeito de estufa, estejam a fazer promessas que não cumprem.

Estas regiões do mundo vão também ser afetadas pela subida das águas do mar, alerta o relatório, especificando que não serão só afetadas as pequenas nações insulares ou as comunidades costeiras expostas.

Xangai, a cidade mais populosa da China, está localizada num delta, formado pela foz do rio Yangtze e pode começar a ser inundada regularmente se nada for feito para parar as alterações climáticas. E o país tem mais nove cidades em risco.

Essa subida do nível do mar coloca os Estados Unidos como um dos países mais vulneráveis, a aumentar em cinco vezes o risco de inundações, incluindo em Nova Iorque.

A União Europeia está menos vulnerável, mas os especialistas do IPCC alertam para inundações no delta do Reno. E para a Índia esperam que milhões de pessoas tenham de ser deslocadas.

A elevação do nível das águas do mar deve-se ao aumento das temperaturas que está a derreter as grandes massas de gelo nos polos.

Segundo o documento as calotes polares da Antártica e da Groenlândia perderam mais de 400 mil milhões de toneladas de massa por ano na década antes de 2015. Os glaciares das montanhas também perderam 280 mil milhões de toneladas.

As consequências dramáticas das alterações climáticas

As alterações climáticas provocadas pelas atividades humanas vão ter consequências dramáticas sobre os oceanos e a criosfera, que inclui os glaciares, as calotes polares e solos permanentemente congelados, revela um relatório da ONU a divulgar em setembro.

O documento, cuja versão preliminar foi esta quinta-feira divulgada pela agência France Presse, vai ser apresentado em 25 de setembro no Mónaco e alerta especialmente para alterações nos oceanos e na alimentação.

Os oceanos absorveram cerca de um quarto das emissões de gases com efeito de estufa produzidos pelos humanos desde os anos 80 do século XX. Como consequência, estão mais quentes, mais ácidos e menos salgados.

A concentração de oxigénio em ambientes marinhos baixou 2% em 60 anos e deve perder mais três a quatro graus suplementares se as emissões de CO2 se mantiverem no mesmo nível.

A frequência, a intensidade e a extensão das vagas de calor marinhas como as que devastaram a Grande Barreira de Coral da Austrália aumentaram. Os corais, dos quais meio milhão de pessoas depende para alimentação e proteção, não deverão sobreviver a um aquecimento de dois graus, comparativamente a níveis pré-industriais.

As reservas alimentares em águas tropicais pouco profundas podem decrescer 40%, devido ao aquecimento e à acidificação.

Uma duplicação da frequência acontecimentos climáticos extremos derivados do fenómeno meteorológico El Nino, que provoca fogos florestais, doenças e têm efeito sobre os ciclones – é esperada se as emissões não forem reduzidas.

O nível dos oceanos vai subir durante os próximos séculos, quaisquer que sejam as medidas tomadas.

Comparativamente ao final do século XX, o nível médio dos oceanos deverá aumentar cerca de 43 centímetros até 2100 se o aquecimento global for mantido em dois graus. Mas aumentará 84 centímetros caso as tendências atuais se mantenham no sentido de o aquecimento global poder chegar aos três ou quatro graus.

De acordo com a AFP, mesmo em cenários otimistas, em que o aquecimento global é mantido em dois graus, a Terra vai ver, provavelmente,um aumento significativo dos danos causados por "super tempestades" e 280 milhões de pessoas podem ser afetadas pela subida do nível do mar.

No próximo século, o ritmo de subida do nível do mar, poderá aumentar dos atuais 3,6 milímetros por ano para “vários centímetros”.

Os danos causados pelas inundações podem aumentar entre 100 a mil vezes até 2100.

Continue a ler esta notícia