Guterres na Web Summit: "Temos de olhar para o futuro próximo com uma visão estratégica" - TVI

Guterres na Web Summit: "Temos de olhar para o futuro próximo com uma visão estratégica"

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  • 6 nov 2017, 21:13

Secretário-geral das Nações Unidas esteve em Lisboa para participar na cimeira de tecnologia

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu em Lisboa a necessidade de combinar os vários setores da sociedade para responder ao impacto da quarta revolução industrial, marcada pela generalização da tecnologia na vida diária.

Temos de olhar para o futuro próximo com uma visão estratégica, que combine a atuação de governos, sociedade civil, setor privado e academia para que a inovação tecnológica seja uma força para o bem", defendeu o antigo primeiro-ministro português na sua intervenção na Web Summit.

"Esta quarta revolução industrial terá um impacto dramático nas sociedades e na nossa maneira de viver nos mercados, por isso é importante antecipar o impacto da evolução tecnológica", disse Guterres, exemplificando com os condutores nos Estados Unidos.

"Os condutores são a maior força de trabalho onde eu vivo, nos Estados Unidos, mas com a automatização e a robotização teremos de aprender a antecipar o futuro para evitarmos uma taxa de desemprego massiva", acrescentou.

"Não é aprender a fazer coisas, mas sim aprender a aprender, porque as coisas que fazemos hoje não são as coisas que faremos amanhã", argumentou o secretário-geral da ONU, vincando que a solução não pode ser travar a tecnologia.

"Temos de evitar a reação estúpida de tentar parar a inovação, isso é estúpido porque é impossível e porque impede que tenhamos os benefícios positivos, mas temos também de evitar a ingenuidade de pensar que as formas tradicionais de regulação para setores como a energia ou o sistema financeiro podem resolver o problema", disse Guterres.

Numa intervenção onde passou em revista alguns dos principais problemas que, na sua opinião, a Humanidade está confrontada, como as alterações climáticas, o crescimento económico, a pobreza ou as migrações resultantes das desigualdades, Guterres defendeu que "a globalização é uma força para fazer o bem, e as novas tecnologias também", mas admitiu haver danos colaterais.

A resposta aos danos colaterais é uma globalização justa, mas a boa notícia é que a ciência está do nosso lado", defendeu o diplomata, vincando que "a economia verde é a economia do futuro, por isso pode-se fazer dinheiro e fazer o bem".

Na intervenção, Guterres salientou ainda a importância da discussão sobre estes problemas, defendendo que "é bom que os participantes aqui comecem a discutir o impacto da quarta revolução no futuro, porque a ciência e a tecnologia não são neutras, podemos erradicar doenças com engenharia genética, mas também podemos criar monstros; podemos usar o ciberespaço para melhorar a vida das pessoas ou para facilitar o terrorismo", alertou.

Cimeira coloca Lisboa no "coração" do debate sobre os desafios globais

O primeiro-ministro considerou que a Web Summit coloca Lisboa pelo segundo ano consecutivo no "coração" do debate sobre os grandes desafios da humanidade, num discurso em que fez rasgados elogios à crescente presença de 'startup' portuguesas.

A Web Summit não torna Lisboa apenas a capital do empreendedorismo em inovação tecnológica. Coloca-a também no coração do debate global sobre os grandes desafios da humanidade: Esperanças, medos, alterações climáticas, inteligência artificial ou combate às desigualdades", declarou o primeiro-ministro.

A parte em português do discurso do primeiro-ministro foi porém marcada por um grave erro cometido pela equipa de tradução para a legendagem em inglês. Quando António Costa falou no ecossistema das 'startup' em Portugal, nas legendas apareceu 'ecossistema do porco'.

Na sua intervenção, que antecedeu a do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o chefe do Governo defendeu que Lisboa é a cidade "natural" para acolher o tipo de eventos como a Web Summit, "porque foi ao longo de séculos ponto de contacto entre pessoas de diferentes culturais".

A nossa história, a nossa geografia e cultura fez de nós uma sociedade aberta, uma ponte entre diferentes continentes".

Em língua portuguesa, o primeiro-ministro manifestou-se orgulhoso com "o trabalho, com a dinâmica e vibração do ecossistema das 'statup' nacionais".

A capacidade de inteligência, a criatividade e a energia têm transformado as oportunidades de ideias apreendidas. Aproveitem muito bem esta semana e as oportunidades que têm de conhecer pessoas de todo o mundo", disse, numa mensagem aos portugueses presentes na Web Summit.

A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.

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