Apps para exercício físico podem fazer-lhe mal, alerta especialista - TVI

Apps para exercício físico podem fazer-lhe mal, alerta especialista

  • EC
  • 21 fev 2017, 17:02
Telemóvel (Reuters)

Greg Hager estima que “muito poucas” das cerca de 165 mil aplicações destinadas ao exercício sejam baseadas em conhecimentos e investigações cientificas e alerta para os perigos que podem resultar da utilização das “apps”

Aplicações e dispositivos móveis desenhados para a prática de exercício físico podem ter mais efeitos negativos do que positivos, alertou um especialista em ciência da computação da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, EUA.

Greg Hager estima que “muito poucas” das cerca de 165 mil aplicações disponíveis destinadas ao exercício sejam baseadas em conhecimentos e investigações cientificas e alerta para os perigos que podem resultar da utilização destas “apps”.

Como escreve o britânico The Guardian, Hager acredita que uma vez que a maioria das aplicações são feitas para um público geral, em vez de adaptadas a cada pessoa ou grupo, existe o risco de vários utilizadores excederem os seus limites, provocando lesões ou agravando limitações de saúde.

O investigador usou como exemplo as apps e os dispositivos que contam os passos diários dos utilizadores, tendo por base a ideia de que caminhar 10 mil passos por dia traz benefícios para a saúde.

Durante o encontro anual da Associação Americana para a Ciência Avançada, em Boston, Hager explicou que a ideia dos 10 mil passos vem de um estudo japonês dos anos 60 que indicava que os homens que os cumpriam queimavam cerca de 2.000 calorias por dia, mais ou menos o número de calorias que devem ser ingeridas diariamente. Para Hager, 10.000 não passa de um número.

Em 1960, no Japão, descobriram que um homem adulto queimava 2.000 calorias quando andava 10 mil passos por dia, o número que uma pessoa ‘normal’ deve consumir, daí terem escolhido esse número. Mas será esse o número correto para todos os que estão nesta sala? É só um número e está nestas aplicações.”

O investigador lembrou que para uma pessoa saudável esse valor pode ser adequado, o que não significa que seja o correto para uma pessoa idosa ou com alguma doença. Nesses casos, Hager acredita que algumas “aplicações possam fazer mais mal do que bem”, acrescentou. Hager disse que deve ser feita uma investigação científica antes de se colocarem aplicações no mercado.

No entanto, outros especialistas como John Jakicic, da Universidade de Pittsburgh, ou Simon Leigh, da Universidade de Liverpool, acreditam que essa preocupação é exagerada e que, no geral, as apps e dispositivos móveis desenhados para ajudar com a prática de exercício ajudam a promover estilos de vida saudáveis.

As apps de exercício podem resultar num número pequeno de incidentes, mas no geral promovem hábitos saudáveis. Por isso, ainda que aumente riscos para algumas pessoas, como diabéticos que começam a exercitar-se muito subitamente, [esse risco] deverá ser mínimo”, afirmou Leigh.

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