Palestra na Faculdade de Letras causa polémica e a Universidade do Porto já reagiu - TVI

Palestra na Faculdade de Letras causa polémica e a Universidade do Porto já reagiu

  • LCM com LUSA
  • 4 set 2018, 23:28
Evidências do aquecimento global (Foto Lusa)

Em causa está a polémica com a presença de várias personalidades conhecidas como "negacionistas" das alterações climáticas numa conferência na Faculdade de Letras da UP na sexta-feira e no sábado

A Universidade do Porto (UP) rejeitou hoje, em comunicado, que as posições assumidas pelos oradores do Independent Committee on Geoethics, que negam os efeitos da ação humana no clima, sejam um reflexo da visão da instituição.

Em causa está a polémica com a presença de várias personalidades conhecidas como "negacionistas" das alterações climáticas numa conferência na Faculdade de Letras da UP na sexta-feira e no sábado.

Entre os oradores está Piers Corbyn, irmão do líder trabalhista britânico Jeremy Corbyn, que considera que a contribuição humana no aquecimento global é "mínima" e que o aumento da temperatura se deve a um aumento da atividade solar.

Em comunicado enviado à Lusa, a Universidade do Porto esclarece que a conferência "Basic Science of Climate Change: How Processes in the Sun, Atmosphere and Ocean Affect Weather and Climate" é uma “iniciativa de uma docente da mesma faculdade, sendo da responsabilidade da Independent Committee on Geoethics".

A academia sublinha que a sua realização "não significa que as posições assumidas pelos seus oradores e participantes sejam um reflexo da visão da Universidade do Porto sobre o tema em debate".

As universidades devem, contudo, afirmar-se como um espaço de debate e discussão por excelência, onde a partilha de diferentes ideias e perspetivas deve ser valorizada", pelo que, "a censura de opiniões não faz, nem deve fazer, parte da natureza das instituições de ensino superior e é nesse contexto que a Universidade do Porto irá acolher a referida conferência", acrescenta o comunicado.

No documento, a instituição refere, ainda, que "o combate às alterações climáticas e a sustentabilidade ambiental são uma prioridade para a Universidade do Porto, principal promotora do projeto Casa Comum da Humanidade, que pretende apresentar às Nações Unidas um novo sistema de governação global dos recursos planetários e elevar o sistema terrestre à condição de Património da Humanidade".

Em declarações ao Diário de Notícias, o bioquímico David Marçal, que foi um dos primeiros cientistas a criticar a realização da conferência, acusou a universidade de estar a "alugar ou mesmo a oferecer" a sua credibilidade e defendeu um recuo da instituição.

Para a presidente do comité da organização, a geógrafa Maria Assunção Araújo, citada pelo mesmo jornal, a conferência pretende fazer um debate científico sobre a questão, com "pessoas cientificamente muito válidas", bem como questionar o consenso sobre a influência humana nas alterações climáticas, que considera ser uma "ideia alarmista".

A geógrafa, defende, aliás, que "há censura" contra quem não subscreve a explicação científica das alterações climáticas com base na emissão de gases de efeito de estufa e diz que um dos objetivos é ultrapassar essa censura.

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