Esta “cidade perdida” submersa não foi construída por humanos - TVI

Esta “cidade perdida” submersa não foi construída por humanos

Local descoberto por mergulhadores na Grécia parece uma antiga cidade portuária, mas a sua verdadeira origem é tão ou mais fascinante, e talvez ainda mais surpreendente

Quando os turistas, que faziam mergulho perto da ilha grega de Zaquintos, viram pela primeira vez estruturas misteriosas a cerca de 20 pés (seis metros) de profundidade, pensaram que poderiam ter tropeçado numa cidade perdida. E não é de admirar. O local apresenta tudo o que resta de uma cidade grega antiga: pátios e colunas submersos pelas águas do mar Jónico. Ao olhar para aquelas estruturas debaixo do mar é fácil imaginar uma agitada praça da Grécia Antiga cheia de artistas e filósofos.

Um estudo publicado, quinta-feira, na revista Marine and Petroleum Geology confirma o que os arqueólogos já suspeitavam desde a descoberta dessa "cidade": não é uma cidade. Mas a sua verdadeira origem é tão ou mais fascinante, e talvez ainda mais surpreendente. Estas estruturas, que para o olho destreinado, parecem tão obviamente feitas pelo homem, foram realmente construídas por bactérias.

Uma investigação conjunta das universidades de Atenas, na Grécia, e East Anglia, no Reino Unido, conclui que a “cidade” é apenas um conjunto de formações geológicas.

De acordo com os investigadores, citados pelo The Washington Post, o local descoberto por mergulhadores surgiu naturalmente durante o Plistoceno, uma época geológica que começou há mais de dois milhões de anos e terminou há 11 mil.

"O local foi descoberto por mergulhadores e inicialmente pensou-se que seria uma antiga cidade portuária, perdida para o mar. Encontrou-se o que pareciam ser bases de colunas e chão pavimentado. Mas misteriosamente não havia outros sinais de vida, como cerâmicas ou moedas", disse o co-autor do estudo Julian Andrews, da Escola de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, à revista Smithsonian Magazine.

A descoberta foi analisada ao pormenor pela unidade do Ministério grego da Cultura dedicada à arqueologia subaquática e, após as primeiras análises químicas e mineralógicas, formou-se uma equipa conjunta das duas universidades já referidas.

"Investigámos o local, que está a dois a seis metros de profundidade, e encontrámos o que na realidade é um fenómeno geológico natural", explica Andrews.

A distribuição linear do que pareciam ser colunas "é provavelmente o resultado de uma falha" que não rompeu completamente a superfície do leito do mar, mas que permitia que gases, particularmente metano, escapassem das profundezas. Há micróbios que se alimentam do carbono que encontram no metano, mudando a composição química dos sedimentos e formando concreções, acrescenta o geólogo.

Julian Andrews explica ainda que este tipo de fenómeno é raro em águas pouco profundas.

 

 

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