Covid-19: médicos provam, pela primeira vez, que um bebé pode ser infetado ainda no útero - TVI

Covid-19: médicos provam, pela primeira vez, que um bebé pode ser infetado ainda no útero

Grávida [Reuters]

Vários estudos internacionais apontavam já para essa possibilidade, no entanto, até então, nenhum conseguiu descartar que a transmissão da doença tivesse ocorrido durante o parto ou logo a seguir ao parto

Os médicos franceses acreditam ter provado, pela primeira vez, que um bebé pode ser infetado com o novo coronavírus ainda no útero.

Vários estudos internacionais apontavam já para essa possibilidade, no entanto, até então, nenhum conseguiu descartar que a transmissão da doença tivesse ocorrido durante o parto ou logo a seguir ao parto.

O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, relata o caso de uma paciente grávida, de 23 anos, que deu entrada num hospital francês, a 24 de março, com sintomas de Covid-19, como febre e tosse. Análises realizadas aquando da admissão da mulher, que já estava no final do terceiro trimestre, mostraram que estava infetada.

Três dias depois de ter dado entrada no hospital, a paciente foi alvo de uma cesariana de emergência, sob anestesia geral, e o recém-nascido isolado e entubado nos cuidados intensivos neonatais.

Testes realizados ao sangue do bebé e ao líquido dos pulmões confirmaram a infecção por Covid-19, mas descartaram outras infeções virais, bacterianas ou fúngicas. Outros testes revelaram que o vírus espalhou-se do sangue da mãe para a placenta, onde se replicou e causou inflamação, e para o bebé.

Infelizmente, não há dúvidas sobre a transmissão neste caso. A razão pela qual isto não foi demonstrado antes prende-se com o facto de serem precisas muitas amostras. É preciso analisar o sangue materno, o sangue do recém-nascido, o sangue do cordão umbilical, a placenta, o líquido amniótico, e é extremamente difícil conseguir todas estas amostras durante uma pandemia com urgências por toda a parte. Houve alguns casos suspeitos, mas não passaram disso, porque ninguém teve oportunidade de realizar todos estes testes e analisar a patologia da placenta", explicou Daniele De Luca, diretor clínico de pediatria e cuidados intensivos neonatais do hospital Antoine-Béclère, em Paris

O bebé desenvolveu uma inflamação no cérebro após ter nascido, depois de o vírus entrar na placenta e causar uma infeção anterior ao nascimento. A criança está, ainda, em recuperação, mas a sua condição está a evoluir favoravelmente.

Segundo os investigadores franceses, os níveis mais elevados do SARS-CoV-2 foram encontrados na placenta, que é rica nos mesmo recetores encontrados nos pulmões e por onde o vírus infeta as células.

Podemos ver o copo meio vazio ou meio cheio. A má notícia é que, neste caso, o vírus atacou o bebé, atingindo o bebé e causando sintomas. A boa notícia é que, no final do dia, o bebé recuperou muito bem. O bebé está clinicamente bem", concluiu De Luca.

 

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