Um novo estudo sobre as figuras desenhadas no solo do estado do Acre, conhecidas como geoglifos, revelou que, no oeste da Amazónia, colonizadores pré-históricos ocuparam e transformaram grandes áreas da floresta. No fundo,a região que se pensava ser "intocada" por povos, recebeu visitas antes da chegada dos europeus.
A nova descoberta não teria sido possível se alguns cientistas do Brasil e Reino Unido não tivessem utilizado drones para sobrevoarem a área no ano passado, mas não só. A desflorestação, que tanto preocupa os ecologistas contemporâneos, permitiu pôr a descoberto alguns destes recintos.
As descobertas contam com algumas figuras idênticas ao “stonehenge”- estruturas antigas construídas em pedra - e trabalhos na terra, conhecidos como “geoglifos”, que datam, aproximadamente, do ano zero. Estes últimos, embora não se saiba a sua função exata, apresentam semelhanças com os Stonheges, como aqueles que se situam em Wiltshire, Inglaterra.
De acordo com os autores do estudo, o mais provável é que os 450 geoglifos encontrados servissem ocasionalmente para alguns rituais.
Segundo avançou o The Telegraph, o estudo foi levado a cabo por Jennifer Watling, para um trabalho de pós-doutoramento, no Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade de São Paulo.
Segundo a investigadora, estas construções remontam às primeiras fases de construção destas estruturas, tendo em conta que existem genericamente três.
É interessante notar que o formato dos geoglifos, com uma vala externa e um recinto de parede interna, são o que normalmente descrevemos como locais «henge». As primeiras fases dos Stonhenge consistiram num recinto idêntico".
A ideia desta região como algo intocado por povos, antes dos europeus, é “desmascarada” pelas novas evidências e ”desafia a ideia de ecossistemas imaculados”, acrescentou Watling.
A descoberta de que a floresta amazónica tem sido administrada por povos indígenas, muito antes do contacto europeu, não deve ser citada como justificativa para o uso destrutivo e insustentável da terra, praticado atualmente”.
A investigadora defende assim a “importância do conhecimento indígena, para encontrar novas alternativas sustentáveis do uso da terra”.