Em bairros com mais luz à noite, há maior risco de cancro de mama - TVI

Em bairros com mais luz à noite, há maior risco de cancro de mama

Mamografia (Reuters)

Conclusão é de um estudo desenvolvido pela Universidade de Harvard

Um estudo desenvolvido pela Universidade de Harvard descobriu que mulheres que residem em bairros residenciais com maiores níveis de luz durante a noite correm maior risco de desenvolver cancro da mama, avança a CNN.

O trabalho teve por base dados do Nurses Health Study – NHS - (Estudo da Saúde das Enfermeiras) uma organização criada em 1976 e que, desde então, desenvolve estudos científicos na área da saúde das mulheres. São apenas mulheres enfermeiras que participam nas investigações. Na altura em que se criou o grupo de estudo, foi escolhida esta profissão pela sua facilidade em identificar e transmitir informações corretas, devido ao seu conhecimento na área da saúde.

Para a realização deste estudo concreto, o epidemiologista Peter James seguiu as enfermeiras do NHS que desenvolveram cancro da mama entre 1989 e 2013. Eram mais de 109 mil enfermeiras. As suas moradas foram identificadas e o nível de luz à noite, no bairro onde residiam, foi estimado com base em imagens de satélite do Programa Meteorológico da Defesa.

As estimativas foram sendo atualizadas ao longo dos últimos 15 anos. Em 2013, havia um total de 3549 casos novos. Um valor dentro do esperado considerando o número total de mulheres.

Os investigadores encontraram uma ligação direta entre as luzes noturnas da sua morada de residência antes do diagnóstico e o risco de, mais tarde, desenvolver o cancro. Quanto maior a luz, maior o risco. O trabalho levou em considerações outros fatores que também podem afetar o acréscimo do risco como, por exemplo, idade, número de filhos, peso ou medicamentos hormonais.

A ideia de que a exposição à luz elétrica, durante a noite, pode potenciar o cancro da mama terá começado em 1987. E é por causa dela que este trabalho foi desenvolvido.

Não sendo a luz elétrica uma substância tóxica, a sua ligação ao risco de cancro pode estar relacionada com traços biológicos. Ou seja, a exposição é uma questão de timing. Durante milhões de anos, evoluímos com ciclos diários de 12 horas com luz solar e 12 horas de escuridão. Durante o dia, o corpo espera receber luz.

Demasiada luz, à noite, pode atrasar um processo fisiológico que começa ao entardecer: o aumento da melatonina, uma hormona presente no sangue, que já se provou, em laboratório, ter grandes propriedades anticancerígenas.

O cancro da mama, ao contrário de outros, não tem uma causa principal identificada. Este é também um dos motivos para o desenvolvimento destes estudos. No caso do cancro dos pulmões ou do fígado sabe-se, por exemplo, que as principais causas são, respetivamente, fumar e hepatite.

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