Cientistas descobrem neurónios intactos no crânio de um homem morto há 2 mil anos - TVI

Cientistas descobrem neurónios intactos no crânio de um homem morto há 2 mil anos

Células cerebrais apresentavam um aspecto vitrificado

Uma equipa de cientistas descobriu células cerebrais intactas no crânio de um homem que morreu há 2 mil anos, na erupção do vulcão Vesúvio, em Itália. A descoberta foi feita quando um grupo de cientistas analisava restos mortais de vítimas do Vesúvio, encontrados na década de 1960, em Ercolano, uma cidade na região de Campânia, província de Nápoles, que ficou totalmente soterrada pelas cinzas libertadas pela erupção vulcânica.

Os arqueólogos acreditam que o crânio pertencia a um homem com cerca de 25 anos. Os restos mortais foram encontrados de barriga para baixo, numa cama de madeira, dentro dos destroços de um edifício que se pensa ter sido construído em devoção ao imperador Augusto.

Edifício onde foi encontrada a vítima (Parque Arqueológico de Ercolano)

Pier Paolo Petrone, o antropólogo forense da Universidade de Nápoles que encabeçou a investigação, revelou à CNN que os cientistas foram alertados por “uma espécie de material envidraçado que brilhava no interior do crânio”. A descoberta foi feita já em 2018, mas só agora foi consolidada e tornada pública.

Numa publicação feita no New England Journal of Medicine, os investigadores dizem acreditar que a aparência envidraçada das células cerebrais tenha sido causada pela vitrificação do cérebro da vítima, por causa do intenso calor da erupção vulcânica, seguido de um rápido arrefecimento.

O cérebro exposto às cinzas vulcânicas terá ficado em estado líquido e depois ter-se-á tornado num material parecido com o vidro, através do rápido arrefecimento provocado pelo depósito das cinzas”, explica Pier Paolo Petrone.

Os neurónios encontrados estão “incrivelmente bem preservados, com uma resolução que é impossível encontrar em qualquer outro sítio”.

Além dos neurónios, os cientistas também encontraram células da medula espinal, igualmente vitrificadas e igualmente bem preservadas.

A descoberta abre portas ao estudo da época nunca antes conseguido. Por isso mesmo, arqueólogos, biólogos, cientistas forenses, neurologistas e matemáticos de universidades de Nápoles, Milão e Roma vão continuar a estudar o achado. Um dos processos que pretendem entender melhor é precisamente o da vitrificação dos tecidos e as temperaturas a que foi sujeita a vítima durante a erupção vulcânica e os dias que se lhe seguiram.

O Vesúvio situa-se a poucos quilómetros da cidade de Nápoles e está atualmente adormecido. Embora tenha registado atividade nos últimos cem anos, ficou conhecido pela erupção em 79 depois de Cristo, que resultou na destruição das cidades romanas de Pompeia e Herculano.

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