Investigadores da Universidade Autónoma de Madrid descobriram que o cérebro continua a produzir neurónios ao longo da vida. A pesquisa, publicada na revista Nature Medicine na segunda-feira, chegou à conclusão de que já nascemos com a maioria das nossas células cerebrais, mas os cientistas encontraram neurónios novos ou “imaturos” até à nona década de vida.
Isso confirmaria a neurogénese, ou seja, a formação de novos neurónios.
Acredito que geramos novos neurónios conforme precisamos aprender coisas novas. E isso ocorre a cada segundo de nossas vidas", diz a pesquisadora Maria Llorens-Martin uma das autoras da pesquisa, citada pela BBC.
No entanto, o estudo aponta também que o número de células cerebrais diminui com a idade e cai cerca de 30% nos estágios iniciais do Alzheimer.
O estudo
Os investigadores analisaram o cérebro de 58 pessoas mortas que tinham entre 46 e 97 anos. A pesquisa focou a atenção no hipocampo – área responsável pela aprendizagem, memória e emoções – e comparou cérebros de pessoas saudáveis com outros que tiveram Alzheimer.
Nos cérebros saudáveis houve uma pequena diminuição da neurogénese. Já nos cérebros dos portadores da doença, o número de novos neurónios caiu mais de 30%. Essa queda pode significar um novo caminho para o diagnóstico e o tratamento do Alzheimer.
É muito surpreendente, porque é algo que ocorre muito cedo, mesmo antes do acúmulo no cérebro de placas da proteína beta-amiloide (uma característica chave de Alzheimer) e, provavelmente, antes do surgimento de sintomas", explica Llorens-Martin.
Os resultados da pesquisa reforçam outras investigações já haviam chegado a conclusões parecidas, como é o caso de um estudo da Universidade de Columbia publicado há cerca de um ano atrás na revista científica Cell Stem Cell. Nele, os investigadores respondem positivamente à pergunta central: “A neurogénese persiste no hipocampo de adultos humanos?”.
Assim, cada vez mais é refutada a teoria que acreditava que os neurónios deixam de ser produzidos depois da adolescência.