Esferográficas dos chineses nem os convencem a eles - TVI

Esferográficas dos chineses nem os convencem a eles

Li Keqiang - primeiro-ministro da China

Finalmente, uma empresa estatal de aço anunciou ter conseguido fabricar esferas finas para as suas canetas. Durante anos, a China teve de as importar e gastar mais de 16 milhões de euros anuais

Foram cinco anos. Cinco longos anos de tentativas e erros, com muita paciência à mistura, que permitem agora a uma das maiores empresas chinesas de aço anunciar ter conseguido fabricar esferas de 2,3 milímetros para incorporar nas canetas fabricadas no país.

Certo é que, até agora, as pontas das canetas Made in China não satisfaziam ninguém, muito menos as altas esferas. A começar pelo primeiro-ministro Li Keqiang, que, no ano passado, durante um simpósio, se queixou disso mesmo e o disse em alta voz.

Porque é que a China não consegue fabricar uma boa esferográfica? É um problema que enfrentamos. Nâo conseguimos fazer esferográficas com uma escrita suave", foi a observação de Li Keqiang, registada então pela imprensa e que intrigou muito boa gente.

Queixava-se o primeiro-ministro de que as pontas das esferográficas fabricadas na China eram ásperas. E daí se percebeu que o país, o maior produtor mundial de canetas, acabava por importar a peça mais importante de cada unidade. Porque não a sabia fazer convenientemente.

Tecnologias de ponta

A China continua a investir fortemente e com resultados no seu programa espacial e promete colocar uma sonda em Marte, no ano 2020. Produz milhões de smartphones que são vendidos em todo o mundo, fabrica comboios de alta velocidade e, até ver, não consegue fabricar uma esferográfica com uma escrita suave como as que são feitas na Alemanha, Suíça e Japão, por exemplo.

Quantidade, nunca foi problema, já que o país produz uns 40 milhões anuais de esferográficas e exporta 80% para o mercado mundial, como salientou em junho passado o presidente de um dos maiores fabricantes chineses, durante um debate televisivo no canal CCTV.  Realizado precisamente para debater a questão.

O problema maior é que os cerca de três mil fabricantes chineses de esferográficas acabam por importar as pontas, especialmente do Japão, e gastar anualmente cerca de 16,3 milhões de euros.

Isto porque, como refere o jornal People's Daily, para fabricar esferas pequenas e perfeitas são necessárias máquinas de alta precisão e sólidas placas de aço que sejam muito finas. Algo que a China não tem coneguido.

Engenharia de precisão

Para quem conhece a realidade industrial chinesa, a dificuldade em fabricar boas esferográficas resulta de um problema ancestral, que está a ser ultrapassado apenas nos domínios aeroespacial e da defesa, as grande apostas do governo.

Historicamente, a China nunca conseguiu produzir engenharia de precisão e a ponta das canetas é um exemplo disso", salientou George Huang, professor de engenharia mecânica e industrial da Universidade de Hong Kong, ouvido pelo site da cadeia de comunicação britânica BBC.

A solução para o problema das esferográficas poderá estar, contudo, encontrada, com o testes da TISCO, a Taiyuan Iron and Steel Co, o maior fabricante do país.

Ao jornal People's Daily, um dos engenheiros-chefes da empresa, Wang Jinhui, de seu nome, confessou que a produção das pontas das esferográficas foi sempre um segredo bem guardado pelos fabricantes mundiais. Houve assim que desenvolver uma tecnologia original, chinesa, para conseguir as desejadas esferas de 2,3 milímetros.

As novas pontas estão agora em testes laboratoriais. Com elas, a China poderá em dois anos deixar de importar esse componente para as suas esferográficas. Assim, venham a ser aprovadas e satisfaçam. Incluindo, o primeiro-ministro Li Keqiang.

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