A Organização Europeia para a Investigação Nuclear/CERN espera que o maior e mais potente acelerador de partículas do mundo origine, este ano, cerca de seis vezes mais dados do que em 2015.
"O LHC [o maior e o mais potente acelerador de partículas do mundo] funciona uma maravilha. Temos agora um objetivo ambicioso para 2016: obter cerca de seis vezes mais dados do que em 2015", afirmou esta segunda-feira o diretor de aceleradores e tecnologia do CERN, Frédérick Bordry, citado num comunicado divulgado pela organização.
Com a nota divulgada esta segunda-feira, o CERN, organização da qual Portugal é membro, assinala o recomeço da época 2016 do Grande Colisionador de Hadrões (LHC, na sigla em inglês).
A 25 de março, o acelerador retomou a operacionalidade, após a habitual pausa invernal anual, mas, a 29 de abril, voltou a parar: a entrada de uma fuinha num transformador provocou um curto-circuito e uma avaria.
"O arranque do LHC causa sempre uma grande emoção. Graças aos dados de 2016, as experiências poderão efetuar medidas mais precisas do bosão de Higgs [partícula elementar confirmada pelo acelerador em 2012] e de outras partículas e outros fenómenos já conhecidos, bem como explorar uma nova física com um maior potencial de descoberta", afirmou, citada no mesmo comunicado, a diretora-geral do CERN, Fabiola Gianotti, que assumiu funções em janeiro.
Os operadores do acelerador podem, agora, aumentar a intensidade dos feixes de partículas, para que a máquina possa produzir um maior número de colisões - até mil milhões por segundo.
Os feixes são constituídos por uma série de 'pacotes' de partículas, contendo cada feixe cerca de cem mil milhões de protões, que circulam no acelerador a uma velocidade próxima da luz.
Os vários "pacotes" de partículas andam em direções opostas e cruzam-se no centro das experiências.
No ano passado, os operadores do LHC fixaram o número de 'pacotes' de protões em 2.244 por feixe, espaçados por 25 nanossegundos (um nanossegundo é a mil milionésima parte do segundo).
Em 2016, pelo segundo ano consecutivo, o LHC funciona com uma energia de colisão de 13 triliões de eletrões-volt (TeV), quase o dobro da energia usada anteriormente.
O bosão de Higgs, "chave-mestra" da estrutura fundamental da matéria, foi a peça que faltava para o "puzzle" que constitui o Modelo-Padrão, a teoria que descreve as partículas fundamentais da matéria e as forças que as regem.
A teoria não explica, contudo, por que razão a natureza prefere a matéria à antimatéria e do que é feita a matéria escura, que representa um quarto do Universo e se manifesta através dos efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível, como galáxias e estrelas.
De acordo com o CERN, as "quantidades enormes de dados que serão produzidas, durante a época de 2016 do LHC, permitirão aos cientistas estudar estas questões, e muitas outras, aprofundar o Modelo-Padrão e encontrar, eventualmente, índices de uma nova física".
O LHC é um túnel circular de 27 quilómetros, localizado no subsolo, na fronteira franco-suíça. A sua segunda fase de exploração decorre até 2018. No ano seguinte, espera-se uma nova paragem técnica, para que a potência do acelerador possa ser novamente aumentada.
Na análise de dados estão envolvidos investigadores portugueses que participam em vários projetos do CERN, ao qual Portugal aderiu há 30 anos.