Um cientista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto integrou um curso apoiado pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA), que prepara os participantes para viajar até às zonas polares da mesosfera, onde se criam nuvens que brilham à noite.
Rui Marques Moura, geólogo e piloto de aviões, "é um dos primeiros portugueses escolhidos" para frequentar o curso do projeto POSSUM - Ciência Suborbital Polar na Alta Mesosfera (Polar Suborbital Science in the Upper Mesosphere), segundo informação disponibilizada na página oficial da Universidade do Porto.
O POSSUM é um projeto que resulta da cooperação entre diversos grupos de investigação norte-americanos e europeus, que visa preparar os participantes - sobretudo cientistas -, para uma viagem a bordo de uma nave espacial suborbital.
A viagem é feita para que os tripulantes possam ver as nuvens notilucentes (que brilham à noite), existentes nas zonas polares da mesosfera, a cerca de 80 quilómetros de altitude, lê-se ainda na plataforma da UP.
De acordo com o professor, a missão, tal como está actualmente planeada, é bastante rápida e obriga a que o tripulante responsável esteja focado na execução de um conjunto de procedimentos durante o própria fase do voo de ascensão, que têm que ser executados em tempos e altitudes específicas.
Caso o responsável "se deslumbre" ou "se deixe dominar pelos efeitos do voo", geralmente "bastante dinâmico", pode haver o risco falhar os objectivos.
O acesso directo à zona superior da mesosfera polar (camada da atmosfera que faz fronteira com o espaço exterior), é um meio relativamente pouco estudado" por estar "demasiado alto para as aeronaves que conseguem atingir a estratosfera e demasiado baixo para as missões espaciais orbitais", explicou à Lusa o investigador.
O curso incluiu uma vertente teórica nos domínios da geofísica da atmosfera, da fisiologia de voo espacial e alguns aspectos sobre o voo suborbital.
Em termos práticos, os participantes foram sujeitos a treino em aviões de acrobacia e em câmara hiperbárica - para situações de despressurização -, bem como simulações com e sem fato espacial.
Executar algumas tarefas em regime pressurizado constituíram um desafio novo e valioso", referiu Rui Moura, indicando que "os voos são sempre aliciantes mas, ao contrário de quase todos" os seus colegas, para o investigador estes "já não eram novidade".
Para o professor do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (DGAOT), da FCUP, a mais-valia desta participação foi "a oportunidade rara de ter acesso a uma área pouco acessível, da formação em missões espaciais tripuladas".
O curso na Universidade Embry Riddle, nos Estados Unidos, "envolveu pessoas que possuem uma experiência e uma tradição aeroespacial inquestionável, tendo formado diversos astronautas, inúmeros quadros técnicos da NASA e de toda uma actividade tecnológica e de investigação para a indústria aeroespacial norte-americana", indicou.
Rui Moura ingressou no curso, que teve a duração de um mês e meio, em fevereiro de 2016, tendo sido um dos 14 selecionados a nível mundial.
Neste momento, o professor universitário está a trabalhar no sentido de criar um pólo de divulgação do programa junto dos estudantes da FCUP.
A participação do investigador neste projeto contou com o apoio financeiro da Fundação Luso Americana, da Reitoria da Universidade do Porto, da FCUP e do Banco Santander Totta.