Produção científica cresceu, mas continua abaixo do potencial - TVI

Produção científica cresceu, mas continua abaixo do potencial

Ciência [Reuters]

Documento aponta «a ausência de fontes de financiamento públicas ou privadas de natureza temática ou setorial, além da FCT»

Portugal registou um crescimento da produção científica, mas continua a posicionar-se em níveis inferiores ao seu potencial, conclui um relatório, que alerta para as consequências da redução da atividade de investigação nos laboratórios de Estado.

«A redução da execução de Investigação e Desenvolvimento nos laboratórios do Estado, na última década, pode pôr em risco o cumprimento das missões do Estado nos bens coletivos, e na produção de evidência para apoio à formulação das políticas públicas», refere o sumário do «Diagnóstico do Sistema de Investigação e Inovação», a que a Lusa teve acesso.

A par da «queda significativa do peso dos laboratórios de Estado», é detetada a «consolidação e o crescimento de universidades» e de unidades, centros e institutos.

Quanto às empresas, passaram a ser «um ator mais determinante na execução e financiamento» das atividades de investigação e desenvolvimento, embora continuem «a revelar uma participação insuficiente na mobilização de recursos do sistema».

O documento, que será apresentado na segunda-feira, aponta «a ausência de fontes de financiamento públicas ou privadas de natureza temática ou setorial, além da FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia] e IAPMEI», entre os riscos detetados para o sistema de investigação.

«Apesar do crescimento bastante significativo observado na produção científica, Portugal continua a posicionar-se a níveis inferiores ao seu potencial», salienta o trabalho.

O relatório reconhece, no entanto, a «trajetória de convergência da capacidade nacional em investigação e inovação face à média da União Europeia, na última década», assim como o posicionamento de universidades com qualidade académica e científica, «a meio da tabela nos rankings mundiais».

É salientada, aliás, a «capacidade crescente das entidades do sistema científico em competir internacionalmente em consórcios de projetos ou como prestadoras de serviços», no mercado europeu.

Na análise do número de publicações realizadas, as Ciências Médicas e da Saúde estavam em primeiro lugar, seguindo-se áreas como as Ciências da Engenharia e Tecnologias, as Ciências Naturais e as Ciências Sociais.

A produção científica portuguesa apresenta um perfil diversificado por região, com mais especificidades e domínios de especialização que outros países, acrescenta o relatório, realçando as Ciência do Mar, mas também o Ambiente e a Biologia, que têm «elevado potencial» para «clusters» nacionais relevantes, de natureza tecnológica ou económica.

Já o esforço para pedidos de registo de patentes «continua a ser muito baixo face à média europeia, apesar do crescimento», com os produtos farmacêuticos e a Engenharia Civil a dominar.

A economia portuguesa tem uma especialização em atividades de baixa ou média intensidade tecnológica, como a alimentação e bebidas, os produtos minerais não metálicos ou aqueles de origem vegetal.

Nas atividades intensivas em tecnologia ou conhecimento «existe um claro perfil de especialização associado à indústria dos transportes», nomeadamente do equipamento elétrico e eletrónico, com a percentagem de emprego em investigação e desenvolvimento a ser «muito superior» relativamente aos setores em que Portugal é mais especializado.

O relatório «Diagnóstico do Sistema de Investigação e Inovação: Desafios, Forças e Fraquezas Rumo a 2020» da FCT pretende dar um contributo para a definição de uma Estratégia de Especialização Inteligente de Portugal e das suas regiões, tendo feito comparação com Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Noruega e a República Checa.
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