Pesquisas no Google poluem tanto como os aviões - TVI

Pesquisas no Google poluem tanto como os aviões

  • NOA
  • 8 mai 2018, 19:50
Google

Site mais famoso do mundo, que processa mais de 3,5 mil milhões de pesquisas por dia, é responsável por 40% das emissões de dióxido de carbono produzidas pela Internet. Em 2015, essas emissões terão sido equivalentes ao total das da indústria aeronáutica

Cada pesquisa no Google tem um custo para o planeta. O site mais famoso do mundo, que processa mais de 3,5 mil milhões de pesquisas por dia, é responsável por 40% das emissões de dióxido de carbono (CO2) produzidas pela Internet.

Em declarações ao Quartz, a investigadora Joana Moll, que tem trabalhado na análise da componente física da Internet, explica que, cada  vez que pesquisamos no Google, estamos a usar servidores, routers e uma série de outros recursos que são alimentados, em grande parte, por fontes de energia não renováveis. 

Embora a Internet seja vista como uma "nuvem" ("cloud"), esta depende de milhões de servidores físicos localizados em centros de processamento de dados em todo o mundo, que estão ligados a quilómetros de cabos submarinos e outros dispositivos que exigem muita energia para serem executados. Grande parte dessa advém de fontes que emitem dióxido de carbono enquanto queimam combustíveis fósseis. 

Os dados são muito poluentes”, afirma Joana Moll ao Quartz

De acordo com os estudos de Moll, em 2015, as emissões de dióxido de carbono associadas às pesquisas no Google terão sido equivalentes ao total das emissões da indústria aeronáutica.

Os dados compilados por Joana Moll deram origem a um contador online, a que deu o nome CO2GLEque usa a informação recolhida em 2015.

O CO2GLE usa dados de tráfego da Internet de 2015 e é baseado no pressuposto que a Google processa  "uma média de aproximadamente 47 mil requisições por segundo, o que representa uma estimativa de 500 quilogramas de dióxido de carbono por segundo”, diz Moll sobre as pesquisas feitas no motor de busca norte-americano. Isto significa que cada pesquisa realizada pelo site mais famoso do Mundo, emite cerca de 0,01 quilos de dióxido de carbono. 

Quase ninguém se lembra que a Internet é feita de infraestrutras interligadas, que consomem recursos naturais”, explica Moll na introdução do seu projeto. “Como é que um facto tão evidente se pode tornar tão ofuscado na imaginação social?”, questiona a investigadora sobre o desconhecimento das emissões de CO2. 

Joana Moll explica ainda que estes números são apenas aproximações, mas a empresa não contestou os dados. Numa estimativa feita pela Google, em 2009, a empresa garante que cada pesquisa emite 0,2 gramas de dióxido de carbono. 

Em declarações à Quartz, um porta-voz da Google afirmou que as emissões associadas a um internauta que utilize os serviços da Google durante um mês equivalem, em média, às emissões de um carro conduzido durante uma milha (cerca de 1,6 km).

Embora os cientistas ainda não tenham chegado a um número exato em relação às emissões de dióxido de carbono, a Google está consciente da sua pegada ecológica.  A projetar centros de processamento de dados eficicazes energeticamente, a investir em energia limpa e tendo vários programas de compensação de carbono, o porta-voz da empresa norte-americana garante que a Google tem sido neutra em carbono desde 2007. 

Embora neutra em carbono, a infraestrutura da Google emite um volume considerável de dióxido de carbono. 

Na conferência da Era Digital da Internet, em Barcelona, na semana passada, Joana Moll demonstrou “DEFOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOREST”, outra visualização para clarificar a sua teoria. 

A imagem ilustra que por cada 20 segundos no Google, 23 árvores têm de utilizar as suas habilidades de absorção de dióxido de carbono. 

O que estou a tentar fazer é desencadear pensamentos e reflexões sobre a materialidade dos dados e a materialidade do nosso uso da Internet diariamente”, explica Moll. "Calcular o dióxido de carbono da Internet é muito complicado. É a maior infraestrutura já construída pela Humanidade e tem muitos intervenientes... [Mas eles são] números que podem servir para aumentar a consciencialização”, garante a investigadora. 

O estudo desenvolvido por Joana Moll foca-se na Google, devido à  sua escala, mas a utilização de outros sites também contribuem para uma quantidade apreciável de emissões de dióxido de carbono. O Facebook, por exemplo, informou que os seus centros de processamento de dados e operações de negócios resultram em 718 000 toneladas métricas de emissões de CO2, em 2016. 
 

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