Covid-19 pode deixar problemas crónicos nos pulmões - TVI

Covid-19 pode deixar problemas crónicos nos pulmões

Unidade de cuidados intensivos em Itália

Doentes podem necessitar de assistência respiratória crónica ou até de um transplante

Uma das áreas mais afetadas pela doença Covid-19 é o aparelho respiratório. Vários especialistas alertam para a possibilidade de o vírus poder deixar problemas crónicos, nomeadamente nos pulmões, mesmo depois de os doentes serem considerados recuperados.

O médico Ronald DePinho, presidente do MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, explicou à CNN que, em casos mais graves, as lesões podem evoluir para fibrose pulmonar. Esta condição cria cicatrizes no tecido pulmonar, tornando as partes afetadas inúteis para a função daquele órgão.

Nas situações mais sérias, pode ser necessária assistência respiratória crónica, através de garrafas de oxigénio, ou até mesmo o transplante dos pulmões.

Os especialistas alertam que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas relativamente ao vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, mas baseiam-se nas experiências de outros coronavírus, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês) ou a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS).

Um estudo do Centro Nacional para a Informação Biotecnológica, dos Estados Unidos, encontrou evidências de fibrose pulmonar em um terço dos pacientes que tinham recuperado de MERS, sendo que as análises foram conduzidas numa média de 43 dias depois de os doentes terem recuperado. Relativamente à SARS, Ronald DePinho refere que a prevalência é de dois terços.

Os dados sobre o novo coronavírus ainda são preliminares, mas um estudo realizado na China detetou fibrose pulmonar em 18% dos doentes considerados recuperados.

A diretora do hospital Princess Margaret, em Hong Kong, afirmou, numa conferência de imprensa dada em março, que as perdas na função pulmonar podem chegar aos 30%.

O Hospital Johns Hopkins refere que os problemas causados nos pulmões podem ser revertidos, mas admite que, em alguns casos, pode ser necessária terapia

Assim que a pandemia terminar, vai surgir um grupo de pacientes com novas necessidades: os sobreviventes. Médicos, terapeutas e outros profissionais de saúde vão ter de ajudar estes doentes a recuperar a função pulmonar o máximo possível", diz Panagis Galiatsatos, especialista do Johns Hopkins.

Três fatores decisivos

O médico Panagis Galiatsatos aponta três fatores decisivos que podem variar as consequências verificadas nos pulmões.

O primeiro tem que ver com a gravidade da doença. Vários especialistas já admitiram que o vírus pode atacar de diferentes formas, e é muito mais grave nuns casos que noutros, o que poderá estar relacionado com a carga viral a que uma pessoa esteve exposta. O clínico refere que, quanto menos grave for a doença, menores serão as consequências.

O segundo fator está relacionado com condições de saúde prévias à infeção. Doentes com patologias pulmonares ou cardiovasculares têm um risco agravado de poderem sofrer de consequências a longo prazo.

As pessoas mais velhas também são mais vulneráveis. O tecido pulmonar pode ser menos elástico", acrescenta Panagis Galiatsatos.

O terceiro fator, que pode ser o mais fácil de controlar, é o tratamento. Após ultrapassar a doença, é fundamental que o paciente tenha uma boa terapia de acompanhamento, o que poderá facilitar a recuperação do tecido pulmonar.

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