Investigadores portugueses desenvolvem interface que controla cadeira de rodas pelo cérebro - TVI

Investigadores portugueses desenvolvem interface que controla cadeira de rodas pelo cérebro

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  • JGR
  • 4 mar 2021, 13:17
Cadeira de rodas

As cadeiras de rodas guiadas pelo cérebro apresentam-se como “uma solução promissora para pessoas com deficiências motoras graves, que não podem usar interfaces convencionais”

Investigadores da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Tomar desenvolveram um sistema de interface cérebro computador que garante “praticamente 100% de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro”, foi esta quinta-feira anunciado.

Pela primeira vez, uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) desenvolveu um sistema de interface cérebro computador que garante praticamente 100% de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro, sem exigir grande esforço mental ao utilizador”, refere a UC em comunicado enviado esta quinta-feira à agência Lusa.

Segundo a fonte, as cadeiras de rodas guiadas pelo cérebro apresentam-se como “uma solução promissora para pessoas com deficiências motoras graves, que não podem usar interfaces convencionais”.

O sistema proposto pela equipa do ISR e IPT, cujos resultados estão publicados na IEEE Transactions on Human-Machine Systems, “assenta numa nova abordagem que combina três componentes: ritmo personalizado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborativo”.

Gabriel Pires, investigador principal do projeto, citado na nota, esclarece que “no mesmo sistema é possível a ICC detetar automaticamente quando o utilizador pretende ou não enviar um comando, permitindo que este não tenha de estar permanentemente focado, mas sim apenas quando pretende enviar um comando, ao seu ritmo”.

O tempo para deteção da intenção do utilizador é também ajustado automaticamente para permitir um desempenho constante, sendo por exemplo menos suscetível a desatenções ou fadiga; e, ainda, um controlo colaborativo entre o utilizador e a máquina”, explica.

Segundo o investigador, o controlo colaborativo significa que a cadeira de rodas “tem um sistema de navegação que, por um lado, realiza as manobras finas de navegação, aliviando o utilizador desse esforço, e, por outro lado, corrige/interpreta possíveis comandos errados enviados pela ICC”.

A viabilidade do sistema foi validada em experiências realizadas com seis pessoas com deficiências motoras graves, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), e sete pessoas sem deficiência (grupo de controlo).

As experiências provaram um nível de precisão e fiabilidade sem precedentes, superior a 99%”, destaca o investigador do ISR e docente no IPT.

“Na verdade, em alguns conjuntos de experiências obtivemos 100% de precisão com o grupo de controlo e 99.6% com o grupo de pessoas com deficiência motora”, afirma Gabriel Pires.

O responsável reconhece que os resultados mostram, pela primeira vez, que é possível “conceber sistemas controlados por ICCs com elevado desempenho e fiabilidade e controlados de forma natural (sem elevado esforço mental do utilizador e ao seu ritmo) por pessoas com forte limitação motora”.

Para além de Gabriel Pires, a equipa de investigadores é constituída por Aniana Cruz, Ana Lopes, Carlos Carona e Urbano J. Nunes.

A interface cérebro computador foi desenvolvida no âmbito do projeto de investigação e desenvolvimento (I&D) “B-RELIABLE: Métodos para melhoria da fiabilidade e a interação em sistemas de interface cérebro máquina através da integração da deteção automática de erros”, cofinanciado por fundos europeus e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

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