Novo coronavírus pode sobreviver até três dias na roupa, revela estudo - TVI

Novo coronavírus pode sobreviver até três dias na roupa, revela estudo

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 24 fev 2021, 19:24
Drª Lucy Owen

Investigadores da universidade britânica De Montfort testaram a capacidade de propagação em tecidos utilizados por profissionais de saúde. A descoberta é lançada em forma de alerta, já que contesta as diretrizes do governo do Reino Unido

O novo coronavírus tem a capacidade de sobreviver até 72 horas na roupa e transmitir-se para outras superfícies, revela um estudo feito pela universidade britânica De Montfort (DMU).

O estudo analisou como os coronavírus se comportam em três tecidos comumente usados ​​na indústria da saúde, tendo os cientistas descoberto que os materiais podem permanecer infecciosos por até três dias.

Liderado pela microbióloga Katie Laird, pela virologista Maitreyi Shivkumar e pela investigadora Lucy Owen, o estudo envolveu a adição de gotículas de um modelo de coronavírus chamado HCoV-OC43 - que tem uma estrutura e padrão de sobrevivência muito semelhante ao do SARS-CoV-2 - para poliéster, polycotton e 100% algodão.

A partir desse modelo, os cientistas monitorizaram a estabilidade do vírus em diferentes tecidos durante 72 horas. Os resultados mostram que o poliéster representa o maior risco de transmissão do vírus, continuando infeccioso após três dias. Nos tecidos de algodão 100%, o vírus dura 24 horas e no policotão, sobrevive apenas seis horas.

“Quando a pandemia começou, percebíamos muito pouco sobre a quantidade de tempo que o coronavírus conseguia sobreviver ma roupa”, disse Katie Laird, chefe do Grupo de Pesquisa de Doenças Infecciosas da DMU, em comunicado.

 

 

Laird realça que a descoberta apresentada esta quarta-feira mostra que os três tecidos utilizados com mais frequência na área da saúde apresentam risco de transmissão de vírus. “Se enfermeiras e profissionais de saúde levarem os uniformes para casa, podem estar a deixar rastos do vírus em outras superfícies”, alertou a microbióloga.

Em 2020, a Public Health England - o órgão que tutela a saúde pública britânica - publicou uma orientação que afirma que a lavagem industrial deve ser utilizada para os uniformes médicos, mas a mesma diligência sublinha que, quando isto não for possível, os trabalhadores devem lavar o material em casa.

Ao mesmo tempo, as diretrizes de vestuário de trabalho do Sistema Nacional de Saúde britânico (o NHS) afirmam que é seguro lavar a roupa médica em casa, desde que a temperatura seja definida para pelo menos 60°C.

A chefe do Grupo de Pesquisa de Doenças Infecciosas da DMU levantou preocupações sobre estas orientações, sublinhando que as evidências foram baseadas principalmente em duas revisões de literatura publicadas em 2007 e, por isso, desatualizadas.

Em resposta, Katie Laird aconselhou o governo a impor diretrizes que obriguem a que todos os uniformes de saúde sejam lavados em hospitais, de acordo com os padrões comerciais, ou por uma lavandaria industrial.

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