O cientista que fez questão de dar 10 boas notícias sobre o coronavírus... mudou - TVI

O cientista que fez questão de dar 10 boas notícias sobre o coronavírus... mudou

Ignacio López-Goñi

Artigo do microbiólogo espanhol Ignacio López-Goñi sobre o SARS-CoV-2 correu mundo e tornou-se, também ele, viral. Muito mudou desde a sua publicação, mas acredita que não há razões para perder o otimismo

O cientista que fez questão de dar boas notícias sobre o SARS-CoV-2 continua otimista, mesmo depois de ter revisto a sua análise sobre o novo coronavírus, que correu mundo e tornou-se, também ela, viral.

Quando a 6 de março publicou o seu artigo "Dez boas notícias sobre o coronavírus" no site The Conversation, o microbiólogo espanhol Ignacio López-Goñi não imaginava que mais de 21 milhões de pessoas pudessem lê-lo.

Então, o único objetivo deste professor da Universidade de Navarra era escrever um texto científico que tranquilizasse a opinião pública sobre um vírus altamente contagioso, que não excluía ninguém.

Quando o fez a Espanha estava, ainda, longe de imaginar que se tornaria no terceiro país do mundo com mais óbitos e o segundo com mais contágios. Mas, em entrevista à BBC, apesar de reconhecer que muito mudou desde o seu artigo viral, acredita que não há razões para perder o otimismo.

Mas vamos primeiro a um resumo das dez boas notícias que Ignacio López-Goñi começou a escrever ainda em fevereiro.

  1. Sabemos o que é. Os primeiros casos foram conhecidos na China a 31 de dezembro, a 7 de janeiro o vírus foi identificado e o genoma estava disponível a 10 do mesmo mês;
  2. Sabemos como detetá-lo. Desde 13 de janeiro que o teste está disponível;
  3. A situação na China está a melhorar. As fortes medidas de controlo e isolamento estão a produzir resultados;
  4. 81% dos casos são ligeiros. Ainda que em 14% pode causar pneumonia grave e em 5% pode ser fatal;
  5. Os doentes recuperam. O aumento de casos e óbitos são sublinhados nos meios de comunicação, mas a maioria dos infetados recupera;
  6. Crianças apresentam sintomas ligeiros. Sintomas são tão leves que podem passar despercebidos. Apenas 3% dos casos ocorrem em menores de 20 anos e a mortalidade em menores de 40 anos é de apenas 0,2%;
  7. O vírus pode ser eliminado através da higiene e limpeza. A lavagem frequente das mãos com água e sabão é a maneira mais eficaz de evitar o contágio. O vírus pode ser inativado das superfícies com álcool, água oxigenada ou lixívia;
  8. Os cientistas estão, literalmente, em cima do assunto. Em pouco mais de um mês, 164 artigos já podem ser consultados no PubMed sobre a Covid-19 ou SARSCov2, além de muitos outros disponíveis nos bancos de artigos ainda não revistos;
  9. Já existem protótipos de vacinas. Já existem mais de oito projetos contra o novo coronavírus. Existem grupos que trabalham em projetos de vacinas contra outros vírus semelhantes e agora tentam adaptar as pesquisas.
  10. Há ensaios clínicos com antivirais em curso. As vacinas são preventivas. Mais importantes são os possíveis tratamentos de pessoas que já estão doentes. Já existem mais de 80 ensaios clínicos para analisar tratamentos contra coronavírus.

O que mudou, então?

É verdade que, quando escrevi, a situação em Espanha não era como a de agora e praticamente 98% dos casos ocorriam na China. (...) É muito mais sério do que pensávamos quando escrevi o artigo", admitiu Ignacio López-Goñi, em entrevista recente à BBC.

O microbiólogo reconhece que, então, "não sabia de tudo que nos aconteceria", porque "a maioria das informações que a comunidade internacional tinha, naquele momento, vinha da China".

A China adotou medidas draconianas, e pensávamos que o vírus nunca chegaria aos nossos países. Pensei que seria um problema contido na China, como havia acontecido com outros vírus, como o SARS e o MERS. Acho que todos, eu em primeiro lugar, éramos um pouco incrédulos e pecámos por ser incrédulos, admito."

No entanto, defendeu que "as boas notícias continuam a ser tão necessárias ou inclusive até mais do que eram há um mês", quando as escreveu.

Até porque, sublinhou, "a ciência nunca esteve tão bem preparada como agora para combater um problema como este".

A Covid-19 causou, até ao momento, perto de 127 mil mortos e mais de 2 milhões de infetados em todo o mundo.

Espanha é o segundo país do mundo mais afetado em termos de contágios e o terceiro, a seguir a Estados Unidos e Itália, no que respeita a vítimas mortais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continue a ler esta notícia

Mais Vistos

EM DESTAQUE